CEO da Americanas: ‘ainda não posso dizer se foi erro ou se foi fraude’

Leonardo Coelho Pereira, que assumiu o comando já com a recuperação judicial, diz ao Senado que companhia está refazendo os lançamentos contábeis

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Bloomberg Línea — O atual presidente-executivo (CEO) da Americanas (AMER3), Leonardo Coelho Pereira, disse em depoimento ao Senado nesta manhã de terça-feira (28) que a empresa ainda não chegou a uma conclusão sobre se o rombo contábil de aproximadamente R$ 20 bilhões revelado pela companhia no início de janeiro se tratou de um erro de contabilidade ou de uma fraude deliberada.

“Não posso dizer se foi erro ou foi fraude, preciso esperar a investigação do comitê independente”, disse Pereira, em resposta às perguntas de senadores.

De acordo com o executivo, duas auditorias (PwC e Deloitte) estão fazendo a validação dos números da Americanas e recalculando os lançamentos contábeis “para que não exista mais erros”.

“Não temos mais capacidade de errar e eu não posso assumir o resultado da investigação sem que isso não tenha sido me dado”, afirmou.

Pereira e o ex-CEO da Americanas Sergio Rial participaram de uma audiência no Senado Federal para debater a dívida da Americanas nesta terça-feira.

Miguel Gutierrez, que foi presidente do grupo varejista por 20 anos, antes de Rial, e representantes da auditoria PwC, que também foram convidados, não participaram da audiência porque não quiseram aparecer, segundo o senador Otto Alencar (PSD-BA), autor dos requerimentos.

Coelho Pereira, com experiência em reestruturação de empresas, assumiu a presidência da Americanas no dia 15 de fevereiro para apresentar o plano de recuperação judicial da empresa, que, segundo ele, “aguentou muita malcriação nos últimos 45 dias e continua gerando emprego, resultado e faturamento”.

“Estamos fazendo a investigação com um comitê independente, com a recuperação judicial, e o que a Americanas se propõe é reequacionar o montante de dívidas que a empresa consegue pagar vista a capacidade de geração de caixa”, disse Pereira.

Plano de recuperação judicial

A Americanas apresentou um plano inicial de recuperação com uma estrutura de liquidez inicial de R$ 1 bilhão, além de duas possíveis tranches de R$ 500 milhões. Mas sem que um acordo com os principais credores, que são os bancos, tenha sido alcançado.

“Nesse processo, toda a capacidade da empresa de fazer dívidas foi zerada, não existe capacidade de obter recursos pelo sistema financeiro. Com o aporte comprometido pelos acionistas de referência, nossa estratégia é para continuar operando, para que mantenha as lojas. Não fizemos demissões em massa, nossa cabeça está focada em formas de recuperar o valor desse ativo”, afirmou o CEO da Americanas.

Dentro da categoria dos credores financeiros, a primeira parte será o que se define como leilão reverso. A segunda parte permite a conversão das dívidas dos grandes credores financeiros em capital na empresa. O valor é de aproximadamente R$ 10 bilhões. Também há a proposta de uma última parte para os credores que não aceitaram ambas as opções, que entrariam na estrutura de dívida subordinada.

O plano prevê um aporte de R$ 10 bilhões dos acionistas, com conversão de dívidas bancárias em participação societária da empresa. A Americanas também pretende vender empresas adquiridas para fazer caixa e pagar dívida.

Segundo Pereira, dos cerca de 9.500 credores, 4.000 são micro e pequeno empresas.

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