Natura propõe cortar remuneração de diretoria em 32% e enxugar conselho

Medida pode reduzir a remuneração total de R$ 115 milhões a R$ 78 milhões; empresa passa por reorganização após ambições para se expandir globalmente

Natura registrou um prejuízo líquido maior do que o esperado, de R$ 890 milhões, no quarto trimestre
Por Vinícius Andrade
27 de Março, 2023 | 03:06 PM

Bloomberg — A Natura &Co (NTCO3) sugeriu que a remuneração dos administradores da companhia seja reduzida em 32% como parte de uma reformulação mais ampla que visa restaurar a confiança de seus investidores.

O conselho da empresa propôs fixar a remuneração total de seus gerentes seniores em cerca de R$ 78 milhões para entre maio de 2023 e abril de 2024, abaixo dos R$ 115 milhões inicialmente propostos para o mesmo período um ano antes, segundo um documento regulatório divulgado nesta segunda-feira (27). A proposta será votada em assembleia geral de acionistas no dia 26 de abril.

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As ações da Natura subiam 1% em São Paulo nesta segunda-feira, às 12h30, horário local. Os papéis ainda acumulam queda de 77% desde o pico em 2021, empurrando o valor de mercado para cerca de R$ 19 bilhões.

Reorganização

O plano de reduzir a remuneração ocorre em meio a uma reorganização corporativa revelada no ano passado, quando as ambições da Natura de expandir globalmente enfrentaram um duro choque de realidade.

A empresa trouxe Fábio Barbosa como diretor-executivo em um momento em que lutava contra uma inflação persistente e disrupções na cadeia de suprimentos. Os desafios afetaram a lucratividade, com a Natura registrando um prejuízo líquido maior do que o esperado, de R$ 890 milhões, no quarto trimestre.

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Ações da Natura caíram quase 80% desde o pico em 2021

A empresa está avaliando opções, incluindo a venda parcial ou total da Aesop, que atraiu interessados incluindo L’Oreal SA e Permira, informou a Bloomberg neste mês.

A Natura também propôs enxugar o conselho, com Barbosa e outros quatro membros renunciando a seus cargos. A administração recomendou que o sócio-fundador da Dynamo, Bruno Rocha, seja eleito para um dos cargos vagos. A Dynamo é o maior acionista minoritário da Natura.

A empresa havia atraído críticas por permitir que o CEO anterior, Roberto Marques, também ocupasse o cargo de presidente do conselho, e as mudanças “são consistentes com o objetivo da Natura de melhorar a governança corporativa”, escreveu João Pedro Soares, analista do Citigroup, em nota. Ele chamou o corte proposto na remuneração de “significativo”.

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