Guidance do mercado é cada vez menos realista, alerta Wilson, do Morgan Stanley

Estrategista-chefe do banco de investimentos diz que ações correm o risco de sofrer fortes quedas com efeito da crise bancária sobre o lucro das empresas

'Mercado de renda variável corre um risco maior de precificar estimativas muito mais baixas', diz Wilson
Por Sagarika Jaisinghani
27 de Março, 2023 | 11:00 AM

Bloomberg — O mercado acionário dos Estados Unidos corre o risco de sofrer fortes quedas, com estimativas de lucros que parecem altas demais diante da turbulência no setor bancário, segundo Michael Wilson, do Morgan Stanley (MS).

“Dados os eventos das últimas semanas, achamos que o guidance [projeção de resultados das empresas] parece cada vez menos realista, e o mercado de renda variável corre um risco maior de precificar estimativas muito mais baixas”, disse Wilson, um dos nomes mais proeminentes de Wall Street.

O estrategista, que ficou em primeiro lugar no ranking do Institutional Investor do ano passado, após prever corretamente a derrocada das ações, disse que isso se deve em parte à divergência entre os mercados de renda variável e fixa em março.

Enquanto a volatilidade dos títulos disparou à medida que os investidores precificavam uma possível recessão após o colapso de bancos regionais nos EUA, as ações recuperaram as perdas, com apostas em alívio monetário. O S&P 500 está a caminho de registrar sua segunda alta trimestral consecutiva.

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Michael Wilson diz que as previsões de lucro não caíram o suficiente devido ao crescimento mais fraco

O foco agora se volta para a temporada de divulgação de balanços do primeiro trimestre, que começa em meados de abril. A redução das estimativas de lucro até agora está em linha com as quedas observadas nos dois trimestres anteriores, o que sugere que os lucros ainda não chegaram ao fundo do poço, disse Wilson.

Dadas as projeções de uma forte recuperação de lucros no segundo semestre, a ameaça da inflação elevada às margens de lucro ainda parece “subestimada”, acrescentou.

Os estrategistas do JPMorgan também disseram que o primeiro trimestre provavelmente marcou “o ponto alto” para ações este ano, e que eles não esperam uma “melhoria fundamental no prêmio de risco das ações” até que o Federal Reserve sinalize cortes de juros.

Além disso, depois que títulos e ações se moveram na mesma direção no ano passado, uma ocorrência incomum, as chances de recessão crescentes neste ano provavelmente inverterão essa relação novamente, segundo a equipe liderada por Mislav Matejka.

--Com a colaboração de Farah Elbahrawy

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