Este empreendedor brasileiro transferiu US$ 200 mi ao SVB após o colapso do banco

Henrique Dubugras, fundador da fintech Brex, disse que o banco sob intervenção e vendido nesta segunda é um dos locais mais seguros para deixar o dinheiro agora

Por

Bloomberg Línea — Henrique Dubugras, o brasileiro CEO e cofundador da fintech americana Brex, transferiu US$ 200 milhões do caixa de sua empresa para o Silicon Valley Bank (SVB), banco que era usado por startups que recebiam aportes de fundos do Vale do Silício e que quebrou há duas semanas. O SVB foi adquirido nesta segunda-feira (27) pelo First Citizens, da Carolina do Norte, segundo anunciado ao mercado.

A Brex foi uma das empresas beneficiadas pela corrida de fundadores de startups e investidores de VCs para a retirada de depósitos no SVB, o que acelerou a crise no banco.

Na semana passada, enquanto o SVB, sob intervenção do FDIC e de autoridades da Califórnia, ainda recebia propostas por seus ativos, Dubugras disse à Fox Business que o movimento de transferência não representava uma oferta e que a Brex não pretendia adquirir os ativos do banco.

“Estamos colocando US$ 200 milhões no bridge bank do SVB [o banco sob intervenção do FDIC que aguarda a compra de seus ativos] do nosso próprio dinheiro corporativo, não dos nossos depósitos”, explicou Dubugras em entrevista à Fox Business. Ou seja, ele esclareceu não se tratar de dinheiro de clientes.

Uma pessoa familiarizada com as operações disse à Bloomberg Línea que a Brex teria recebido mais de US$ 1 bilhão em depósitos com o colapso do SVB, algo que a fintech não confirmou.

A fintech que oferece contas, cartão e gestão financeira para startups e que é uma das mais valiosas do mundo tem entre seus investidores Peter Thiel, do Founders Fund, que aconselhou fundadores a tirar seu dinheiro do SVB durante a corrida bancária no dia 9, conforme reportado pela Bloomberg News.

Segundo Dubugras, a transferência do dinheiro corporativo para o SVB ocorreu porque a Brex “acredita em diversificação”.

“Acreditamos em uma estratégia diversificada. Não em manter o dinheiro em apenas um banco, mas, sim, espalhar por vários. E acho que o SVB é um dos locais mais seguros para deixar o dinheiro agora. E nossas empresas clientes estão fazendo o mesmo”, disse o empreendedor brasileiro.

Dubugras acrescentou que o SVB é uma peça importante para tecnologia e apoiar o banco durante esse período para que eles tenham “uma saída melhor” é algo que a Brex quer fazer.

O SVB foi o caminho tradicional por meio do qual startups brasileiras recebiam seus investimentos de fundos de venture capital. Também era o banco que aceitava fornecer crédito para empresas ainda em fase inicial e que não tinham lucro, o que, para bancos tradicionais, poderia ser mais burocrático.

“Não temos nenhuma intenção de comprar os ativos do banco”, disse Dubugras na semana passada.

-- Corrige Bloomberg News para Bloomberg Línea no quinto parágrafo

Leia também

Crise bancária é catalisador do bear market, diz Wilson, do Morgan Stanley

A trajetória do CEO do SVB, de bajulado por fundos de VC e startups a renegado