Sob pressão do mercado, Dasa terá injeção de R$ 1,5 bi da família Bueno e do BTG

Empresa de medicina diagnóstica, cujas ações caíram 45% no ano, anuncia oferta primária de ações que terá garantia de subscrição dos atuais controladores e do banco

Setor de saúde continua com demanda elevada, mas com o desafio de equilibrar seus custos (Nathalia Angarita/Bloomberg)
24 de Março, 2023 | 10:39 PM

Bloomberg Línea — O ambiente de juros altos, crédito mais caro e restrito e mercado atento à alavancagem de companhias continua a estimular a busca pela fortalecimento da estrutura de capital. A Dasa (DASA3), empresa cuja nota de crédito foi rebaixada pela Fitch Rating há um mês e que acumula queda de 45% nas ações neste ano, anunciou na noite desta sexta-feira (24) uma oferta primária de ações para captar R$ 1,5 bilhão.

A oferta será lançada depois da apresentação dos resultados do quarto trimestre, prevista para o fim da terça-feira (28), com precificação em abril. Os acionistas controladores, a família Bueno, e o BTG Pactual (BPAC11) comprometeram-se a subscrever, respectivamente, R$ 1 bilhão e R$ 500 milhões se necessário. A oferta está estendida aos demais acionistas da companhia de medicina diagnóstica.

A subscrição se dará ao preço de R$ 8,50, o que representa prêmio de 12% sobre o fechamento desta sexta, a R$ 7,60.

Os acionistas que subscreverem a oferta terão direito, na proporção de 10 para 1, a uma nova subscrição de uma ação ao mesmo preço da oferta em um prazo de até 24 meses.

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Há pouco mais de um mês, a Fitch Rating rebaixou a nota de crédito da Dasa de AAA para AA, com perspectiva negativa, citando justamente o perfil financeiro da companhia.

“O rebaixamento dos ratings reflete a forte pressão no perfil financeiro da Dasa, com manutenção de elevada alavancagem nos últimos anos e que deve permanecer acima de 4,0 vezes em 2023 e em 2024”, apontou o relatório dos analistas da agência na ocasião.

“O cenário-base da Fitch contempla uma redução gradual do índice dívida líquida/Ebitda, segundo critérios da agência, para próximo a 4,5 vezes até 2024, após as 5,6 vezes esperadas para 2022, ainda acima do patamar da classificação.”

Segundo os analistas da Fitch, “a ação de rating também considera as pressões de elevadas despesas financeiras, necessidades de capital de giro e investimentos em geração de fluxo de caixa livre (FCF) da companhia, que deverá ficar negativa em cerca de BRL900 milhões em 2023.”

“A Dasa possui o desafio de fortalecer suas margens operacionais, em especial no segmento hospitalar, que tem operado com rentabilidade bem inferior à média da indústria”, apontou o relatório.

No acumulado em 12 meses, as ações da Dasa acumulam queda da ordem de 70%.

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