Exploração de petróleo no Alasca: o plano polêmico que teve aval de Trump e Biden

Governo dos EUA aprova projeto Willow apesar de críticas de grupos ambientalistas, que dizem que pode gerar ‘quantidade impressionante’ de contaminação na região

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Bloomberg Línea — O governo dos Estados Unidos aprovou no início desta semana um projeto de petróleo no norte do Alasca pela empresa americana ConocoPhillips, chamado Willow, apesar de protestos contra ele.

O Projeto Willow é uma enorme perfuração de petróleo de décadas no North Slope do Alasca, na Reserva Nacional de Petróleo do Alasca (NPR-A), de propriedade federal.

A área onde está previsto o projeto contém até 600 milhões de barris de petróleo, que levariam anos para chegar ao mercado, dado que o projeto ainda não foi construído.

A aprovação do governo apareceu em um relatório divulgado na segunda-feira (20) no site do Departamento do Interior dos Estados Unidos.

Em comunicado, a agência explicou que reduziu o tamanho inicial do projeto em 40% ao negar dois dos cinco locais de perfuração propostos pela ConocoPhillips, que busca desenvolver arrendamentos de petróleo e gás adquiridos no final dos anos 1990.

A empresa também abrirá mão dos direitos de aproximadamente 68.000 acres de seus arrendamentos existentes na NPR-A, incluindo 60.000 acres na Área Especial do Lago Teshekpuk.

A ConocoPhillips vinha buscando licenças estaduais para sua exploração desde 2018 e, agora, com essa aprovação, o projeto Willow será um dos maiores projetos de extração de petróleo e gás no Alasca.

Segundo a empresa, o projeto poderá produzir 180 mil barris de petróleo por dia quando estiver em plena capacidade, criará 250 mil empregos durante a fase de construção e outros 300 empregos permanentes quando estiver em operação.

Por que tem sido controverso?

O Willow foi proposto pela ConocoPhillips e originalmente aprovado pelo governo Donald Trump em 2020. A empresa inicialmente construiria cinco plataformas de perfuração, mas o governo Joe Biden acabou reduzindo para três, permitindo que perfurassem cerca de 90% do óleo esperado.

Agora, o governo deu sinal verde para o início da construção do projeto. Exatamente quando isso acontecerá não está claro, em grande parte devido a desafios legais iminentes.

O grupo de direito ambiental Earthjustice planeja apresentar uma queixa contra o projeto em breve e provavelmente buscará uma ordem judicial para tentar bloquear o progresso.

Um forte ativismo online contra o Willow também é visto, incluindo uma petição da Change.org com mais de 3 milhões de assinaturas e mais de um milhão de cartas escritas à Casa Branca em protesto.

De acordo com o Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, esse projeto “geraria impressionantes 277 milhões de toneladas métricas de poluição por carbono”.

Mais oposição contra o projeto

O governo argumenta que o projeto seguiu um curso legal com uma avaliação de impacto. Há também uma Declaração de Impacto Ambiental (DIA) feita pelo Bureau of Land Management (BLM) – responsável pela administração e conservação de terras pertencentes ao governo federal – que, em outubro de 2020, emitiu uma decisão aprovando o projeto com modificações para mitigar seu impacto ambiental.

Apesar de tudo, o Projeto Willow tem enfrentado a oposição de grupos ambientalistas e comunidades indígenas, principalmente os Inupiat, preocupados com os possíveis impactos na fauna da região e nas práticas tradicionais de caça e pesca de subsistência das comunidades locais.

“Nenhuma quantia em dinheiro justifica o custo para as pessoas e para o planeta”, afirma a organização Sovereign Iñupiat for a Living Arctic (SILA, na sigla em inglês).

Além disso, grupos ambientalistas e organizações sociais como o Sierra Club, Defend the Sacred Alaska, Green Peace e o Council for the Defense of Natural Resources criticaram o projeto pelo impacto que terá na fauna, flora e mudanças climáticas, bem como nas comunidades que lá vivem.

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