Exploração de petróleo no Alasca: o plano polêmico que teve aval de Trump e Biden

Governo dos EUA aprova projeto Willow apesar de críticas de grupos ambientalistas, que dizem que pode gerar ‘quantidade impressionante’ de contaminação na região

Instalações da indústria do petróleo no Alasca: projeto Willow pode tornar região nova fronteira de exploração (Daniel Acker/Bloomberg)
25 de Março, 2023 | 06:03 PM

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Bloomberg Línea — O governo dos Estados Unidos aprovou no início desta semana um projeto de petróleo no norte do Alasca pela empresa americana ConocoPhillips, chamado Willow, apesar de protestos contra ele.

O Projeto Willow é uma enorme perfuração de petróleo de décadas no North Slope do Alasca, na Reserva Nacional de Petróleo do Alasca (NPR-A), de propriedade federal.

A área onde está previsto o projeto contém até 600 milhões de barris de petróleo, que levariam anos para chegar ao mercado, dado que o projeto ainda não foi construído.

A aprovação do governo apareceu em um relatório divulgado na segunda-feira (20) no site do Departamento do Interior dos Estados Unidos.

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Em comunicado, a agência explicou que reduziu o tamanho inicial do projeto em 40% ao negar dois dos cinco locais de perfuração propostos pela ConocoPhillips, que busca desenvolver arrendamentos de petróleo e gás adquiridos no final dos anos 1990.

A empresa também abrirá mão dos direitos de aproximadamente 68.000 acres de seus arrendamentos existentes na NPR-A, incluindo 60.000 acres na Área Especial do Lago Teshekpuk.

A ConocoPhillips vinha buscando licenças estaduais para sua exploração desde 2018 e, agora, com essa aprovação, o projeto Willow será um dos maiores projetos de extração de petróleo e gás no Alasca.

Segundo a empresa, o projeto poderá produzir 180 mil barris de petróleo por dia quando estiver em plena capacidade, criará 250 mil empregos durante a fase de construção e outros 300 empregos permanentes quando estiver em operação.

Por que tem sido controverso?

O Willow foi proposto pela ConocoPhillips e originalmente aprovado pelo governo Donald Trump em 2020. A empresa inicialmente construiria cinco plataformas de perfuração, mas o governo Joe Biden acabou reduzindo para três, permitindo que perfurassem cerca de 90% do óleo esperado.

Agora, o governo deu sinal verde para o início da construção do projeto. Exatamente quando isso acontecerá não está claro, em grande parte devido a desafios legais iminentes.

O grupo de direito ambiental Earthjustice planeja apresentar uma queixa contra o projeto em breve e provavelmente buscará uma ordem judicial para tentar bloquear o progresso.

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Um forte ativismo online contra o Willow também é visto, incluindo uma petição da Change.org com mais de 3 milhões de assinaturas e mais de um milhão de cartas escritas à Casa Branca em protesto.

De acordo com o Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, esse projeto “geraria impressionantes 277 milhões de toneladas métricas de poluição por carbono”.

Mais oposição contra o projeto

O governo argumenta que o projeto seguiu um curso legal com uma avaliação de impacto. Há também uma Declaração de Impacto Ambiental (DIA) feita pelo Bureau of Land Management (BLM) – responsável pela administração e conservação de terras pertencentes ao governo federal – que, em outubro de 2020, emitiu uma decisão aprovando o projeto com modificações para mitigar seu impacto ambiental.

Apesar de tudo, o Projeto Willow tem enfrentado a oposição de grupos ambientalistas e comunidades indígenas, principalmente os Inupiat, preocupados com os possíveis impactos na fauna da região e nas práticas tradicionais de caça e pesca de subsistência das comunidades locais.

“Nenhuma quantia em dinheiro justifica o custo para as pessoas e para o planeta”, afirma a organização Sovereign Iñupiat for a Living Arctic (SILA, na sigla em inglês).

Além disso, grupos ambientalistas e organizações sociais como o Sierra Club, Defend the Sacred Alaska, Green Peace e o Council for the Defense of Natural Resources criticaram o projeto pelo impacto que terá na fauna, flora e mudanças climáticas, bem como nas comunidades que lá vivem.

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Fátima Romero

Es periodista hondureña con experiencia en economía, negocios y finanzas