Bloomberg — O governo suíço foi obrigado a intervir para salvar o Credit Suisse (CS), já que o banco não teria sobrevivido a mais um dia de negociação em meio a uma crise de confiança dos investidores, disse a ministra das Finanças da Suíça, Karin Keller-Sutter.
“O CS não teria sobrevivido à segunda-feira [dia 20]”, disse Keller-Sutter em entrevista ao jornal de Zurique NZZ. “Sem uma solução, as transações de pagamento com a CS na Suíça teriam sido significativamente interrompidas, possivelmente até colapsadas.”
O impacto de uma falência desordenada poderia ter sido o dobro do PIB suíço, disse a ministra, citando estimativas de especialistas. De forma mais ampla, “poderíamos esperar uma crise financeira global”, pois “a quebra do CS teria jogado outros bancos no abismo”.
A compra do Credit Suisse pelo UBS Group (UBS) mediada pelo governo no último final de semana foi amplamente criticada por ignorar os direitos dos investidores, além de sobrecarregar os contribuintes suíços com um fardo enorme no caso de outra crise. Mas Keller-Sutter disse que as alternativas eram piores.
“Todas as outras opções eram mais arriscadas para o estado”, disse ela ao NZZ. Uma estatização temporária do Credit Suisse poderia durar muito mais tempo do que o governo gostaria, pois “a experiência também mostra que pode levar anos ou mesmo décadas até que o estado possa se retirar da propriedade de um banco”.
Uma liquidação ordenada também foi descartada, porque não apenas o dano teria sido “considerável”, mas “a Suíça teria sido o primeiro país a encerrar um banco sistemicamente importante globalmente”. “Claramente não era o momento para experimentos”, disse.
Suporte “indireto”
Keller-Sutter negou que a medida adotada represente um resgate, dizendo que “não há dinheiro fluindo do governo federal para o banco”. Mas ela admitiu que as garantias de depósito são comparáveis a uma apólice de seguro, tornando-as “apoio estatal indireto”.
A ministra das Finanças também rejeitou a ideia de que os Estados Unidos pressionaram a Suíça para salvar o Credit Suisse.
“Não foi como se a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, tivesse me dito ao telefone: você precisa garantir que o UBS compre o CS”, disse Keller-Sutter.
“No entanto, ficou claro para todos – inclusive para nós – que uma reestruturação ou liquidação do CS provocaria uma grande agitação internacional nos mercados financeiros.”
Questionada sobre o impacto da pandemia e agora desta crise nas finanças da Suíça, Keller-Sutter disse que a prioridade é melhorar o déficit do país. Nesse sentido, “não há sinais de melhora até o final da década”, disse ela.
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