Bloomberg — Uma queda no dólar após o último aumento da taxa de juros do Federal Reserve (Fed), na quarta-feira (22), será um pouco de ar fresco para os formuladores de políticas monetárias dos mercados emergentes, uma vez que estabelece um piso para suas moedas e facilita seus esforços para controlar a inflação.
O dólar enfraqueceu na quinta-feira (23), retomando uma tendência de baixa que começou há seis meses e permitindo que o won sul-coreano, por exemplo, subisse mais de 2%, para um pico de um mês. Tais movimentos devem tornar as importações mais baratas, ajudando a moderar as pressões de preços.
Diante da decisão do Fed, os bancos centrais da Ásia emergente já estavam preparados para desacelerar seus ciclos de aperto monetário. Realizar essa tarefa sem prejudicar as moedas locais parece consideravelmente mais fácil com os investidores vendendo dólar e apostando que uma crise bancária nos Estados Unidos fará com que as taxas do Fed atinjam o pico em breve.
“A alta dovish do Fed fez o dólar enfraquecer, já que os mercados veem isso como potencialmente o fim do ciclo de aperto”, disse Khoon Goh, chefe de pesquisa da Ásia no Australia & New Zealand Banking Group. “As moedas asiáticas estão mais fortes, pois os mercados veem as tensões com os bancos regionais dos EUA como específicas dos EUA.”
Os traders de swaps veem a Tailândia e a África do Sul como as únicas economias emergentes onde as principais taxas estarão mais altas em seis meses, cada uma com apenas um quarto de ponto. Isso está abaixo dos quatro que foram vistos no início deste ano.
O banco central filipino, que subiu um quarto de ponto como esperado em uma decisão na tarde de quinta-feira, foi visto como um raro na Ásia para um aperto adicional, dadas as pressões de preços que permanecem em níveis desconfortavelmente altos. O peso foi o mais forte entre as moedas mais ativas da região este ano.
Para outras economias emergentes da Ásia, a nova fraqueza do dólar faz uma diferença maior. A Coreia do Sul manteve as taxas no mês passado, mas sinalizou que novos aumentos estavam sobre a mesa, mesmo em meio à preocupação de que a economia estivesse começando a cair.
Na Indonésia, que fez uma pausa na semana passada para uma segunda reunião consecutiva, uma aposta na estabilidade da moeda no frágil ambiente externo parece destinada a compensar.
Bônus para emergentes
O alívio adicional das pressões cambiais é um bônus para a região, que já era a grande vencedora de fevereiro nos dados de fluxos de capital. Recebeu quase US$ 12 bilhões para o melhor valor de qualquer região, de acordo com dados compilados pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF), com sede em Washington.
Os formuladores de políticas monetárias dos EUA e da Europa têm procurado fornecer garantias de que a turbulência bancária que eclodiu nas últimas duas semanas pode ser contida.
O presidente do Fed, Jerome Powell, foi o último a afirmar que existem ferramentas para lidar com quaisquer novos dramas no setor, e a chefe do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, repetiu na quarta-feira (22) que as autoridades podem administrar a volatilidade financeira sem interromper sua luta contra a inflação.
Mas os títulos do Tesouro dos EUA se recuperaram e as ações afundaram após os comentários de Powell — incluindo uma afirmação de que os cortes nas taxas permaneceram fora do cenário base do Fed para este ano —, enquanto o dólar enfraqueceu pelo sexto dia consecutivo, retornando à sua ampla trajetória descendente de um pico em setembro.
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