Bloomberg Línea — A volta dos shows e festivais de música após a pandemia ganha força em 2023, com a realização de uma série de grandes eventos no Brasil. Neste ano, acontece uma série de festivais no país, entre eles o Lollapalooza, já conhecido do público e que começa nesta sexta-feira (24), e o novato The Town, organizado por Roberto Medina (mesmo criador do Rock In Rio), que terá a primeira edição em setembro de 2023.
O consumidor brasileiro que quiser a ir a um desses eventos terá de preparar o bolso. Enquanto o show individual de um artista ou banda pode ter preços que começam em R$ 100 (a depender da popularidade do artista, do local e do tipo de ingresso), a entrada para um festival como o Lollapalooza pode custar até R$ 3.600 — quase três vezes o salário mínimo atual, de R$ 1.302.
Em 2012, ano em que o Lollapalooza estreou no país, o ingresso para os dois dias de shows custava R$ 500. Um ano depois, quando começou a ser realizado em três dias, o passe completo custava R$ 990. Corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o valor de 2013 para os três dias do festival seria o equivalente a R$ 1.882,48 hoje.
Isso indica que, com o preço atual de R$ 3.600, a entrada para o festival teve um aumento de 91% acima da inflação desde 2013.
Procurada pela Bloomberg Línea, a organização do Lollapalooza não quis comentar. O festival The Town afirmou que não vai se pronunciar sobre o tema do preço dos ingressos.
Itens como cachê dos artistas, produtores, gastos com cenários, estruturas e telas e aluguel do espaço podem compor o valor do ingresso, bem como a parte que será voltada para patrocinadores e convidados.
No caso de festivais com artistas internacionais, como o Lollapalooza e o Rock In Rio, o câmbio também é um fator determinante na hora da precificação dos tickets. Há mais de uma década, o dólar era cotado em torno de R$ 2,04. Atualmente a moeda passa da casa dos R$ 5,25.
Na manhã desta sexta-feira (24), o site do Lollapalooza não disponibilizava mais ingressos para todos os três dias. Os ingressos individuais para cada um dos dias custavam de R$ 1.320 a R$ 2.660 (inteira), dependendo do dia e da área. Havia também ingressos para dois dias (sexta e sábado; sábado e domingo; ou sexta e domingo). Os valores nesses casos iam de R$ 2.040 a R$ 2.280 (inteira), dependendo da combinação.
Os festivais também podem estimular a atividade econômica dos estados. Em 2022 o Lollapalooza movimentou cerca de R$ 687 milhões na capital paulista, segundo um relatório do SP Turis, com arrecadação de impostos estimada em R$ 102,9 milhões. O gasto médio dos participantes do evento foi de R$ 1.250.
Para ir aos cinco principais festivais internacionais que acontecem em São Paulo e no Rio de Janeiro, é necessário pagar mais de R$ 8 mil — sem considerar eventuais blusinhas, refrigerantes ou comidas comprados no dia do show. Com o mesmo valor, pode-se comprar quase dois iPhones 13 e um iPhone 14 Pro Max.
Confira abaixo o preço integral dos ingressos para os festivais:
- Lollapalooza, três dias: R$ 3.600 para os três dias (incluindo taxa de conveniência cobrada pelo site de vendas), com shows de Billie Eilish, Twenty One Pilots, Rosalía e The 1975 (24, 25 e 26 de março, em São Paulo)
- Monsters of Rock, um dia: de R$ 1.000 até R$ 1.725, com shows de Kiss e Scorpions (22 de abril, em São Paulo);
- Mita, dois dias: R$ 1.700 pista, R$ 4.400 pista premium, com shows de Lana del Rey, Florence + The Machine, Haim e Sabrina Carpenter (27 e 28 de maio, no Rio de Janeiro; 3 e 4 de junho, em São Paulo);
- The Town, cinco dias: R$ 770 em espécie de pré-venda por dia de evento (valor dos cinco dias ainda não confirmado), com shows de Post Malone, Maroon 5, Ludmilla e Bruno Mars (2, 3, 7, 9 e 10 de setembro, em São Paulo);
- Custo total para todos os quatro festivais: de R$ 8.030 a R$ 9.475 sem a opção de pista premium do Mita, R$ 12.175 com a pista premium do Mita.
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