Crise bancária? BTG vai às compras e leva banco de Luxemburgo para alta renda

Banco anuncia aquisição do FIS Privatbank por € 21,3 milhões com objetivo de complementar oferta de produtos aos clientes, ampliando presença na Europa

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Bloomberg Línea — Em meio à instabilidade no setor bancário mundial, desencadeada pela quebra do SVB e do Signature nos EUA, seguida pela venda do Credit Suisse para o UBS, o BTG Pactual (BPAC11) segue com apetite por aquisições. O banco anunciou, nesta sexta-feira (24), a compra do FIS Privatbank, banco privado de pequeno porte em Luxemburgo, por € 21,3 milhões (cerca de R$ 121 milhões).

O objetivo da aquisição é ampliar sua presença internacional e complementar a oferta de produtos, informou o banco brasileiro em comunicado. O FIS tem € 500 milhões sob gestão e mais de 300 clientes, sendo sua maioria pessoas físicas de alta renda, family offices e investidores institucionais.

“Esta aquisição faz parte de uma decisão estratégica de negócios e é mais um marco importante da nossa presença na Europa. Ao operar um banco em Luxemburgo poderemos atender, de forma ainda mais personalizada e exclusiva, todas as necessidades de nossos clientes latino-americanos e europeus. Este será um braço importante e complementar às atividades de nossos escritórios já existentes em Portugal, Espanha e Reino Unido”, disse Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, na nota.

A operação, que tem potencial de reforçar a presença do BTG na gestão de patrimônio (wealth management), está sujeita à aprovação dos órgãos reguladores. “Estar em Luxemburgo será um elemento chave para potencializar as atividades dos clientes, atrair novos e servi-los com a mesma dedicação que fazemos nos nossos mercados de origem”, afirmou Sallouti.

Desafios

O BTG é a quarta maior instituição financeira privada do Brasil em ativos, segundo a Fitch Rating, agência de classificação de risco. O banco que tem o bilionário André Esteves como principal acionista e presidente do conselho terminou 2022 com R$ 1,3 trilhão de ativos sob gestão e administração, com captação líquida de R$ 68 bilhões no quarto trimestre e R$ 254 bilhões no ano, além de um lucro líquido ajustado de R$ 8,3 bilhões no ano e R$ 1,8 bilhão no último trimestre de 2022.

“Os principais desafios da BTG Pactual Asset são manter o bom desempenho de seus fundos frente à forte volatilidade do mercado, elevar sua participação de mercado no Brasil, continuar desenvolvendo suas atividades internacionais para diversificar os produtos oferecidos aos investidores e reter seus principais profissionais”, avaliou a Fitch em relatório que classificou, em julho de 2022, como “excelente” o rating de qualidade de gestão de investimentos de sua asset.

Além do BTG Pactual, o Banco do Brasil (BBAS3) e o Inter (INTR) são outros bancos brasileiros que trabalham para aumentar a presença no exterior. O primeiro, que possui uma joint venture com o UBS em uma união anunciada em 2019, planeja ofertar mais produtos para seus clientes buscando novos parceiros internacionais, disse à Bloomberg Línea o VP de negócios de atacado do BB, Francisco Augusto Lassalvia, no mês passado.

Já o Inter, que ampliou sua atuação nos EUA após a compra da fintech Usend em 2021, também espera acelerar sua expansão no exterior analisando oportunidades também na Europa, como disse o CEO da instituição, João Vitor Menin, em junho do ano passado.

O Bradesco (BBDC4) também começou a se mexer no ano passado ao adquirir a financeira Ictineo no México para distribuir novos produtos, como conta digital, empréstimo consignado, conta de investimento, cartão de crédito, seguros e linhas de empréstimo como crédito imobiliário.

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