Barcelona, Espanha — Os mercados digerem com mais calma as mensagens simultâneas e contraditórias do Federal Reserve (Fed) e do Tesouro. Os investidores ponderam sobre o cenário de crise bancária e seu efeito deflacionário, ao mesmo tempo em que avaliam as chances de uma política monetária mais suave nos Estados Unidos após o aumento dos juros ontem.
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Os futuros de índices dos Estados Unidos operavam com valorização, enquanto na Europa os índices recuavam ante a perspectiva de mais aumento de juros na região. Na Ásia, os sinais foram mistos no fechamento das bolsas.
No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos subia para 3,485% às 7h23 (horário de Brasília). O dólar se depreciava ante outras divisas, enquanto a libra e o euro se valorizavam.
Nos demais mercados, os contratos de petróleo WTI recuavam. Os contratos de ouro subiam, assim como o bitcoin.
→ O que move os mercados hoje
🎡 Gangorra. A sinalização de Jerome Powell, presidente do Fed, de que o aperto continua sem perspetiva de cortes e, ao mesmo tempo, o aviso de Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, de que não está em estudo aumento de garantias de depósitos geraram uma gangorra nos mercados.
⏬ Pessimismo bancário. Bill Ackman, da Pershing Square, prevê a volta da corrida bancária após Yellen descartar uma garantia do governo a todos os depósitos nos EUA. Ao mesmo tempo, alguns analistas avaliam que o tom de Powell foi ameno o suficiente para projetar um corte de corte das taxas ainda neste ano, embora o banqueiro tenha negado que isso esteja no horizonte. A leitura é de que a crise bancária e o efeito defasado do aperto monetário poderiam ser suficientes para ajustar a economia.
📈 BoE é o próximo. Hoje é a vez de o Banco da Inglaterra (BoE) reagir à aceleração inesperada da inflação no Reino Unido e a perspectiva é de que haja um aumento de 0,25 ponto porcentual, apesar do cenário recessivo e dos riscos da crise bancária. Na Suíça, o banco central elevou o juro em 0,50 ponto porcentual, para 1,5%, e sinalizou mais altas, embora o Credit Suisse, segundo maior banco do país, tenha sido o epicentro da recente turbulência.
🎯 Novo alvo. A Hindenburg Research, de Nate Anderson, prometeu em um tweet que divulgará em breve um novo e grande relatório sobre outra empresa, sem dar mais detalhes. O fundo ganhou destaque neste ano após um relatório que acusava de fraude o grupo Adani, levando o império industrial indiano a perder mais de US$ 100 bilhões de seu valor de mercado desde a publicação, em 24 de janeiro.
✈️ Vitória da Boeing. A Boeing conseguiu fechar um pedido no valor de US$1 bilhão para fornecer 21 aeronaves 737 Max para a Japan Airlines até 2026. Trata-se de uma vitória contra a concorrente Airbus na disputa para substituir a frota mais antiga da companhia, conforme antecipou a Bloomberg no início deste mês.
🚘 Descontos ofensivos. A estratégia da Tesla de reduzir preços de seus carros elétricos para acelerar as vendas está gerando reações no mercado chinês. Os descontos de até 14% ameaçam levar algumas montadoras à falência e a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis pediu hoje o fim da guerra de preços.
🥐 França vai parar? Os protestos contra a reforma previdenciária do governo francês ganharam força após o presidente Emmanuel Macron insistir que não desistirá da proposta, que aeleva o tempo de trabalho dos franceses para se aposentar, e comparar os manifestantes aos invasores do Capitólio dos Estados Unidos.
📺 Oferta histórica. A Toshiba aceitou uma oferta de compra de US$ 15,3 bilhões de um consórcio japonês liderado pela empresa doméstica de private equity Japan Industrial Partners, segundo informou o jornal Nikkei. Se concluída, a aquisição coloca fim a desacordos entre a administração da Toshiba, o governo japonês e o grupo de acionistas estrangeiros sobre o futuro da empresa de 140 anos.
🟢 As bolsas ontem (21/03): Dow Jones Industrials (-1,63%), S&P 500 (-1,65%), Nasdaq Composite (-1,60%), Stoxx 600 (+0,15%), Ibovespa (-0,77%)
As bolsas norte-americanas reagiram ao aumento dos juros nos EUA e ao aviso do presidente do Fed, Jerome Powell, de que novas altas estão no horizonte, apesar da crise bancária. Simultaneamente, a Secretária do Tesouro Janet Yellen avisou que o governo não está considerando fornecer seguro de depósitos para o sistema, levando à queda as ações do setor bancário.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• EUA: Projeção das Taxas de Juros/1T, Índice de Atividade-Fed Chicago, Vendas de Casas Novas/Fev, Licenças de Construção
• Europa: Zona do Euro (Confiança do Consumidor/Mar); Reino Unido (Confiança do Consumidor-GFK/Mar)
• Ásia: Japão (PMI Industrial, IPC/Fev)
• América Latina: Brasil (Receita Tributária Federal/Fev); México (IPC/Mar); Argentina (Vendas no Varejo/Jan)
• Bancos Centrais: Decisão de Política Monetária do BoE, Discursos de Discurso de Catherine L Mann (BoE) e Philip Lane (BCE)
• Balanços: Accenture, General Mills, Sabesp, Aguas Andinas
🗓️ Os eventos de destaque na semana →
(Com informações da Bloomberg News)
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