Mercados avaliam mensagens do Fed e do Tesouro e riscos para o setor bancário

Investidores ponderam sobre discursos de Jerome Powell e Janet Yellen enquanto acompanham análises sobre os desafios para os bancos em um cenário de juro maior

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro
23 de Março, 2023 | 07:31 AM

Barcelona, Espanha — Os mercados digerem com mais calma as mensagens simultâneas e contraditórias do Federal Reserve (Fed) e do Tesouro. Os investidores ponderam sobre o cenário de crise bancária e seu efeito deflacionário, ao mesmo tempo em que avaliam as chances de uma política monetária mais suave nos Estados Unidos após o aumento dos juros ontem.

→ Leia também o Breakfast, a newsletter matinal da Bloomberg Línea: Uma dúvida no ar: os bancos estão a salvo?

Os futuros de índices dos Estados Unidos operavam com valorização, enquanto na Europa os índices recuavam ante a perspectiva de mais aumento de juros na região. Na Ásia, os sinais foram mistos no fechamento das bolsas.

No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos subia para 3,485% às 7h23 (horário de Brasília). O dólar se depreciava ante outras divisas, enquanto a libra e o euro se valorizavam.

PUBLICIDADE

Nos demais mercados, os contratos de petróleo WTI recuavam. Os contratos de ouro subiam, assim como o bitcoin.

→ O que move os mercados hoje

🎡 Gangorra. A sinalização de Jerome Powell, presidente do Fed, de que o aperto continua sem perspetiva de cortes e, ao mesmo tempo, o aviso de Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, de que não está em estudo aumento de garantias de depósitos geraram uma gangorra nos mercados.

Pessimismo bancário. Bill Ackman, da Pershing Square, prevê a volta da corrida bancária após Yellen descartar uma garantia do governo a todos os depósitos nos EUA. Ao mesmo tempo, alguns analistas avaliam que o tom de Powell foi ameno o suficiente para projetar um corte de corte das taxas ainda neste ano, embora o banqueiro tenha negado que isso esteja no horizonte. A leitura é de que a crise bancária e o efeito defasado do aperto monetário poderiam ser suficientes para ajustar a economia.

📈 BoE é o próximo. Hoje é a vez de o Banco da Inglaterra (BoE) reagir à aceleração inesperada da inflação no Reino Unido e a perspectiva é de que haja um aumento de 0,25 ponto porcentual, apesar do cenário recessivo e dos riscos da crise bancária. Na Suíça, o banco central elevou o juro em 0,50 ponto porcentual, para 1,5%, e sinalizou mais altas, embora o Credit Suisse, segundo maior banco do país, tenha sido o epicentro da recente turbulência.

🎯 Novo alvo. A Hindenburg Research, de Nate Anderson, prometeu em um tweet que divulgará em breve um novo e grande relatório sobre outra empresa, sem dar mais detalhes. O fundo ganhou destaque neste ano após um relatório que acusava de fraude o grupo Adani, levando o império industrial indiano a perder mais de US$ 100 bilhões de seu valor de mercado desde a publicação, em 24 de janeiro.

✈️ Vitória da Boeing. A Boeing conseguiu fechar um pedido no valor de US$1 bilhão para fornecer 21 aeronaves 737 Max para a Japan Airlines até 2026. Trata-se de uma vitória contra a concorrente Airbus na disputa para substituir a frota mais antiga da companhia, conforme antecipou a Bloomberg no início deste mês.

🚘 Descontos ofensivos. A estratégia da Tesla de reduzir preços de seus carros elétricos para acelerar as vendas está gerando reações no mercado chinês. Os descontos de até 14% ameaçam levar algumas montadoras à falência e a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis pediu hoje o fim da guerra de preços.

PUBLICIDADE

🥐 França vai parar? Os protestos contra a reforma previdenciária do governo francês ganharam força após o presidente Emmanuel Macron insistir que não desistirá da proposta, que aeleva o tempo de trabalho dos franceses para se aposentar, e comparar os manifestantes aos invasores do Capitólio dos Estados Unidos.

📺 Oferta histórica. A Toshiba aceitou uma oferta de compra de US$ 15,3 bilhões de um consórcio japonês liderado pela empresa doméstica de private equity Japan Industrial Partners, segundo informou o jornal Nikkei. Se concluída, a aquisição coloca fim a desacordos entre a administração da Toshiba, o governo japonês e o grupo de acionistas estrangeiros sobre o futuro da empresa de 140 anos.

Os mercados nesta manhã

🟢 As bolsas ontem (21/03): Dow Jones Industrials (-1,63%), S&P 500 (-1,65%), Nasdaq Composite (-1,60%), Stoxx 600 (+0,15%), Ibovespa (-0,77%)

As bolsas norte-americanas reagiram ao aumento dos juros nos EUA e ao aviso do presidente do Fed, Jerome Powell, de que novas altas estão no horizonte, apesar da crise bancária. Simultaneamente, a Secretária do Tesouro Janet Yellen avisou que o governo não está considerando fornecer seguro de depósitos para o sistema, levando à queda as ações do setor bancário.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Projeção das Taxas de Juros/1T, Índice de Atividade-Fed Chicago, Vendas de Casas Novas/Fev, Licenças de Construção

• Europa: Zona do Euro (Confiança do Consumidor/Mar); Reino Unido (Confiança do Consumidor-GFK/Mar)

• Ásia: Japão (PMI Industrial, IPC/Fev)

• América Latina: Brasil (Receita Tributária Federal/Fev); México (IPC/Mar); Argentina (Vendas no Varejo/Jan)

• Bancos Centrais: Decisão de Política Monetária do BoE, Discursos de Discurso de Catherine L Mann (BoE) e Philip Lane (BCE)

• Balanços: Accenture, General Mills, Sabesp, Aguas Andinas

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

(Com informações da Bloomberg News)

Leia também:

Copom mantém Selic e cita incertezas acima do usual, incluindo arcabouço fiscal

Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Jornalista especializada em economia e finanças, com passagem por redações e veículos focados em economia, como Valor Econômico, Agência Estado e Folha de S.Paulo.