O que esperar da decisão do Banco Central sobre a taxa Selic nesta quarta-feira

Traders esperam cortes de juros a partir de junho, mesmo com a inflação bem acima da meta e as regras de gastos públicos ainda em aberto

Copom decide nesta quarta (22) o rumo da taxa Selic no Brasil
Por Maria Eloisa Capurro
22 de Março, 2023 | 09:48 AM
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Bloomberg — O Banco Central (BC) provavelmente manterá a taxa básica de juros estável pela quinta reunião consecutiva, resistindo à pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por custos de empréstimos mais baixos, à medida que os esforços do governo para recuperar a credibilidade fiscal são adiados.

Todos os economistas em uma pesquisa da Bloomberg esperam que os membros do conselho mantenham a Selic inalterada em 13,75% ao ano nesta quarta-feira (22).

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Os formuladores de políticas liderados por Roberto Campos Neto elevaram as taxas em 11,75 pontos percentuais ao longo de um ano e meio antes de fazer uma pausa em setembro e, desde então, enfatizaram que ainda não discutiram o início do ciclo de flexibilização.

A autoridade monetária se reúne em meio aos efeitos cascata da crise bancária dos Estados Unidos e também diante de uma piora nas perspectivas de crédito doméstico. Os traders esperam cortes de juros a partir de junho, mesmo com a inflação bem acima da meta e as regras de gastos públicos permanecendo em aberto.

O BC também está enfrentando crescente pressão política, já que o presidente Lula e os principais membros do Partido dos Trabalhadores (PT) pressionam por uma Selic mais baixa. Na véspera da reunião do Banco Central, o presidente disse que o banco estava sendo “irresponsável” por manter a Selic no nível mais alto em seis anos.

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O que diz a Bloomberg Economics:

“Apesar da intensa pressão política para um corte de juros, espera-se que o Banco Central do Brasil mantenha sua taxa básica de juros em 13,75%. Dados divulgados desde a reunião de fevereiro mostram que a inflação subjacente segue acima do que seria consistente com a meta. As expectativas de inflação aumentaram ainda mais e ainda não estão ancoradas até 2026. Esses fatores argumentam contra um corte nas taxas, apesar da desaceleração do crescimento e da queda nos preços das commodities”.

Adriana Dupita, economista da Bloomberg Economics

A reunião desta quarta ocorrerá algumas horas depois que o Federal Reserve (Fed) divulgar sua própria decisão sobre as taxas. É improvável que uma pausa no aperto monetário do Fed – ou mesmo uma declaração mais branda – provoque um corte de juros no Brasil, mas pode suavizar o tom da comunicação pós-reunião do BC.

A decisão do Brasil será publicada no site do Banco Central a partir das 18h30 (horário de Brasília) com nota da diretoria.

Confira a seguir o que ficar de olho no comunicado:

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Ciclo de atenuação

Os investidores vasculharão o comunicado em busca de sinais sobre quando as taxas poderão cair. Dado que a nova estrutura fiscal do Brasil ainda não foi revelada e seu impacto nas previsões de inflação ainda está longe, os formuladores de políticas provavelmente se absterão de assumir um compromisso rígido de flexibilização.

“Ainda não há informações suficientes” para avaliar a trajetória dos gastos do governo, disse Gustavo Arruda, chefe de pesquisa latino-americana do BNP Paribas. “A inflação ainda está alta, as previsões para os preços ao consumidor ainda são elevadas e realmente não sabemos como será a regra fiscal no final”.

As estimativas de inflação anual permanecem bem acima das metas de 3,25% para este ano e de 3% para 2024. As medidas básicas que excluem itens voláteis como alimentos e combustíveis ainda estão subindo.

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Inflação plena está acima da meta do Banco Central

Ainda assim, os membros do governo de Lula esperam que o banco central reconheça que os recentes anúncios, como a eliminação gradual das reduções de impostos sobre os combustíveis, abrem as portas para cortes nas taxas.

Os membros do conselho também podem remover frases-chave da declaração, como a ameaça de retomar o ciclo de aperto se necessário, enquanto ainda comunicam que as perspectivas exigem atenção, avaliam Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira, analistas do JPMorgan & Chase (JPM), em nota.

Preocupações bancárias

A perspectiva internacional estará na frente e no centro das atenções, já que os formuladores de políticas devem comentar sobre as crescentes incertezas econômicas no exterior.

Nas últimas semanas, o colapso de três bancos regionais nos Estados Unidos e a compra do Credit Suisse (CS) pelo UBS Group (UBS) abalaram os mercados globais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os impactos domésticos da emergência bancária foram “menos turbulentos” do que o esperado.

Em particular, a equipe econômica vê a crise bancária global como motivo suficiente para afrouxar a política monetária, em um momento em que a nova regra fiscal também deve abrir caminho para taxas mais baixas, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto que pediu anonimato porque as conversas não são públicas.

Governo brasileiro vê impactos "menos turbulentos" da crise global

A crise global “parece ser uma situação de aversão ao risco”, disse Natalie Victal, economista da Sul Americana Investimentos DTVM. “Há uma necessidade de monitorar, caso isso contrarie o atual aperto global.”

Atividade Doméstica

Os analistas também revisarão os comentários do Banco Central sobre a atividade depois que o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu no final do ano passado.

De fato, os investidores esperam que a crise econômica do Brasil continue este ano.

-- Com a colaboração de Martha Beck

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