Bloomberg — Um dos fundos de dívida de mercados emergentes com melhor desempenho no mundo está abocanhando títulos de empresas brasileiras após o colapso da varejista Americanas (AMER3).
Dimitry Griko, o diretor de investimentos por trás do fundo Arkaim Advisors Ltd. que superou 99% de seus pares nos últimos três anos, aumentou as apostas nos títulos que, segundo ele, caíram abaixo do valor real este ano.
A empresa de call center Atento e a fabricante de cimento InterCement Participações estavam entre as principais participações no fundo de dívida corporativa high yield (de maior risco e potencual de maior retorno), de US$ 247 milhões, no final do mês passado.
“O Brasil está começando a parecer muito mais interessante”, disse Griko. “Há cada vez mais valor por lá.”
O Emerging Markets Corporate High Yield Debt Fund entregou retorno de 10% nos últimos três anos, em comparação com um aumento médio de 0,6% entre pelo menos 5.000 pares no mesmo período, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Os títulos corporativos em dólar do Brasil geraram aos investidores perdas de 2,3% até agora este ano, entre os piores nos mercados emergentes, de acordo com dados compilados de um índice da Bloomberg.
Dois terços dos títulos brasileiros incluídos no indicador de dívida corporativa de mercados emergentes denominados em dólares caíram este ano, mostram os dados.
A derrota ocorre quando os traders ficam mais cautelosos com o mercado de dívida corporativa do país após a implosão da Americanas – com os credores se tornando mais seletivos e novas emissões congelando.
A incerteza arrastou os títulos em dólares da Atento com vencimento em 2026 para apenas 25 centavos no mês passado, de acordo com dados da Trace.
A Moody’s também rebaixou a classificação da Atento para grau especulativo, citando despesas e a expectativa de que o Banco Central mantenha os juros elevados.
Para Griko, a oportunidade está nos créditos que ficaram abaixo de seus valores potenciais de recuperação. Ele também gosta da dívida corporativa argentina, que foi punida por um ambiente macroeconômico problemático.
“Haverá mais inadimplências? Provavelmente, sim”, disse Griko, referindo-se ao Brasil. “Mas isso não significa para mim que seja necessariamente um problema sistêmico. A inadimplência é natural apenas para diferentes períodos do ciclo econômico.”
-- Com a colaboração de Vinícius Andrade.
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