Como um corte da Selic em 2023 pode afetar a Bolsa, segundo gestores de fundos

Apesar das projeções de redução da taxa de juros no 2º semestre, as ações da bolsa brasileira continuam pressionadas pelo sentimento de cautela, segundo pesquisa do BofA

A maior parte dos entrevistados pelo BofA prevê o Ibovespa negociando entre 95 mil e 120 mil pontos
22 de Março, 2023 | 10:59 AM

Bloomberg Línea — As projeções de cortes na taxa Selic no segundo semestre ainda não se traduzem em um otimismo com a bolsa brasileira. É o que mostra pesquisa do Bank of America (BAC) com gestores de fundos de investimento divulgada nesta terça-feira (21).

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulga nesta quarta-feira (22) a sua decisão sobre a taxa de juros no país. A expectativa unânime entre analistas do mercado financeiro é de manutenção da Selic em 13,75% ao ano. No entanto, é possível que o Banco Central dê alguma sinalização sobre uma eventual redução dos juros no horizonte.

Segundo levantamento “Latam Fund Manager Survey” de março, 83% dos participantes veem o início do ciclo de corte de juros no Brasil se iniciando até o terceiro trimestre deste ano, ante apenas 35% no mês passado. A expectativa é de que a Selic encerre dezembro entre 12% e 12,75% ao ano.

Apesar de o mercado financeiro já projetar cortes na taxa básica, que tende a melhorar o apetite ao risco e, consequentemente, impulsionar ativos de renda variável, a estimativa ainda não se reflete em um otimismo com as ações.

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De acordo com o levantamento, caiu de 43% para 20% o total de entrevistados que veem o Ibovespa (IBOV) encerrando o ano acima dos 120 mil pontos. O cenário implicaria alta de 18,9% ante o fechamento de segunda-feira (20). A maior parte (cerca de 80%) prevê o índice negociando entre 95 mil e 120 mil pontos.

Um bom arcabouço fiscal somado à reforma tributária faria com que os gestores ficassem mais construtivos com as ações brasileiras, destaca o BofA.

América Latina

Na América Latina, apenas 23% dos investidores consultados pelo BofA planejam aumentar a alocação em ações nos próximos seis meses – o menor percentual desde fevereiro de 2022.

Para a região, os gestores citam como o maior risco as taxas de juros mais altas nos Estados Unidos. Na sequência, aparecem as implicações da China e commodities, seguidas por uma desaceleração da economia dos EUA.

Diferentemente do mês passado, a maior parte dos gestores (43%) veem agora um dólar mais forte em 2023. Esse percentual era de apenas 20% em fevereiro.

Diante do sentimento de cautela em meio aos temores de recessão e crise bancária, os níveis de caixa também aumentaram para 8,4%, no maior patamar desde o início da pesquisa do BofA, em 2018. Da mesma forma, os níveis de hedge (proteção) estão acima da média, enquanto o apetite por risco está mais baixo.

Qualidade e alto dividendo são as estratégias preferidas pelos gestores na região, com um número crescente de investidores interessados em estratégias de baixo beta (volatilidade). Segundo a pesquisa, os gestores estão overweight (acima da média do mercado) nos setores financeiro, utilities e bens de consumo.

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A pesquisa do Bank of America foi feita no início deste mês com 30 gestores que administram cerca de US$ 63 bilhões em ativos.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.