Bloomberg Línea — As projeções de cortes na taxa Selic no segundo semestre ainda não se traduzem em um otimismo com a bolsa brasileira. É o que mostra pesquisa do Bank of America (BAC) com gestores de fundos de investimento divulgada nesta terça-feira (21).
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulga nesta quarta-feira (22) a sua decisão sobre a taxa de juros no país. A expectativa unânime entre analistas do mercado financeiro é de manutenção da Selic em 13,75% ao ano. No entanto, é possível que o Banco Central dê alguma sinalização sobre uma eventual redução dos juros no horizonte.
Segundo levantamento “Latam Fund Manager Survey” de março, 83% dos participantes veem o início do ciclo de corte de juros no Brasil se iniciando até o terceiro trimestre deste ano, ante apenas 35% no mês passado. A expectativa é de que a Selic encerre dezembro entre 12% e 12,75% ao ano.
Apesar de o mercado financeiro já projetar cortes na taxa básica, que tende a melhorar o apetite ao risco e, consequentemente, impulsionar ativos de renda variável, a estimativa ainda não se reflete em um otimismo com as ações.
De acordo com o levantamento, caiu de 43% para 20% o total de entrevistados que veem o Ibovespa (IBOV) encerrando o ano acima dos 120 mil pontos. O cenário implicaria alta de 18,9% ante o fechamento de segunda-feira (20). A maior parte (cerca de 80%) prevê o índice negociando entre 95 mil e 120 mil pontos.
Um bom arcabouço fiscal somado à reforma tributária faria com que os gestores ficassem mais construtivos com as ações brasileiras, destaca o BofA.
América Latina
Na América Latina, apenas 23% dos investidores consultados pelo BofA planejam aumentar a alocação em ações nos próximos seis meses – o menor percentual desde fevereiro de 2022.
Para a região, os gestores citam como o maior risco as taxas de juros mais altas nos Estados Unidos. Na sequência, aparecem as implicações da China e commodities, seguidas por uma desaceleração da economia dos EUA.
Diferentemente do mês passado, a maior parte dos gestores (43%) veem agora um dólar mais forte em 2023. Esse percentual era de apenas 20% em fevereiro.
Diante do sentimento de cautela em meio aos temores de recessão e crise bancária, os níveis de caixa também aumentaram para 8,4%, no maior patamar desde o início da pesquisa do BofA, em 2018. Da mesma forma, os níveis de hedge (proteção) estão acima da média, enquanto o apetite por risco está mais baixo.
Qualidade e alto dividendo são as estratégias preferidas pelos gestores na região, com um número crescente de investidores interessados em estratégias de baixo beta (volatilidade). Segundo a pesquisa, os gestores estão overweight (acima da média do mercado) nos setores financeiro, utilities e bens de consumo.
A pesquisa do Bank of America foi feita no início deste mês com 30 gestores que administram cerca de US$ 63 bilhões em ativos.
Leia também
Lula diz que juro atual é ‘absurdo’ e critica privatização da Eletrobras; ação cai
Gestores veem crise sistêmica de crédito como maior risco atual, mostra pesquisa