Lula diz que juro atual é ‘absurdo’ e critica privatização da Eletrobras; ação cai

Presidente também diz que novo arcabouço fiscal será apresentado após a volta da viagem à China; juros futuros ampliaram os ganhos após a afirmação

Presidente voltou a criticar política monetária
21 de Março, 2023 | 11:53 AM

Bloomberg Línea — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta terça-feira (21) a política monetária do Banco Central e o patamar da taxa básica de juros, a Selic.

“Em um momento que não existe crise de demanda, excesso de demanda, temos 33 milhões de pessoas passando fome, desemprego. Não há nenhuma razão, explicação, lógica. Só quem concorda com juros altos é o sistema financeiro”, disse o presidente em entrevista à TV 247 nesta manhã.

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Segundo ele, o patamar atual da Selic, de 13,75% ao ano, é “absurdo”. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta terça e quarta-feira para decidir o rumo da Selic. A decisão será anunciada amanhã (22), após o fechamento do pregão. A expectativa unânime por parte do mercado financeiro é pela manutenção no nível atual.

Esta não é a primeira vez que Lula critica as medidas adotadas pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em fevereiro, depois do Copom, Lula condenou a decisão da autoridade monetária de manter os juros inalterados, pela quinta vez consecutiva.

Ele também afirmou, na época, que iria cobrar o BC e chamou a independência da instituição de “bobagem”.

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Novo arcabouço fiscal após a viagem à China

Lula disse ainda nesta terça que pediu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para apresentar o arcabouço fiscal na volta de sua viagem presidencial à China, no fim de semana. Os juros futuros ampliaram os ganhos após a afirmação.

Os investidores aguardavam o anúncio do novo arcabouço fiscal antes da reunião do Copom desta semana, dado que a redução das incertezas fiscais poderia abrir espaço para um alívio monetário, segundo analistas.

Na avaliação de João Scandiuzzi, estrategista-chefe do BTG Pactual, o processo de alívio monetário no país é pouco provável no curto prazo. “O Banco Central do Brasil não trabalha com propostas, mas com fatos políticos já consolidados. Portanto, uma fase de implementação e credibilidade não é algo que advogaria para um corte muito prematuro [da Selic]”, disse em entrevista à Bloomberg Línea.

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Segundo ele, o que poderia levar a uma discussão sobre corte dos juros “mais para frente” seria a alteração do regime de metas de inflação, algo que já vem sendo discutido, mas com a ressalva de que as conversas ainda são “prematuras”.

Durante a entrevista desta terça, Lula também disse que o que foi feito com a Eletrobras (ELET3; ELET6) é um “crime”, referindo-se à privatização da empresa. Os papéis, que subiram na abertura do dia, reverteram os ganhos e passaram a cair após as afirmações. Por volta das 11h30 (horário de Brasília), as ações ELET3 caíam 1,6%, a R$ 31,43, enquanto as ELET6 tinham baixa de 1,13%, a R$ 33,99.

Super Quarta

Além do Banco Central, no Brasil, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve também se reúne nesta quarta-feira (22) para decidir a taxa de juros nos Estados Unidos.

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Por lá, a maioria dos economistas projetava, antes do fim de semana, uma alta em 0,25 ponto porcentual, para um intervalo de 4,75% a 5%. As apostas de uma pausa ou até cortes, contudo, ganharam força após o Fed e outros bancos centrais anunciarem medidas para aumentar a liquidez dos mercados diante do colapso do Silicon Valley Bank, do Signature Bank e da crise do Credit Suisse.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.