Ouro chega a US$ 2 mil pela 1ª vez em um ano com temores sobre estresse bancário

Movimento é reviravolta para o metal, que caiu em fevereiro devido às expectativas de aperto monetário agressivo do Fed para conter a inflação

Un empleado sostiene una pila de lingotes de oro en la bóveda de metales preciosos en Pro Aurum KG en Munich, Alemania, el miércoles 22 de julio de 2020.  Fotógrafo: Andreas Gebert/Bloomberg
Por Eddie Spence, Jason Scott e Martin Ritchie
20 de Março, 2023 | 11:04 AM

Bloomberg — O ouro se estabilizou, após subir acima de US$ 2.000 a onça pela primeira vez em um ano. O movimento aconteceu depois que um acordo para comprar o Credit Suisse Group (CS) falhou em aliviar totalmente os temores sobre o setor bancário global.

Na semana passada, o metal precioso subiu 6,5% em seu maior avanço desde o início da pandemia, depois que vários credores regionais americanos entraram em colapso, alimentando as preocupações com a saúde do banco suíço.

O ouro subiu até 1% nesta segunda-feira (20) – antes de reduzir os ganhos – com as ações de bancos europeus caindo após um acordo do governo para aquisição do Credit Suisse, que deve acabar com os detentores de seus títulos de maior risco.

“O tratamento dos títulos AT1 introduziu uma nova fonte de incerteza”, escreveu Marcus Garvey, chefe de estratégia de metais do Macquarie Group, em nota. “Quanto mais a incerteza continuar, sem que os temores do mercado sejam totalmente acalmados e uma crise sistemática total se desdobre, o ouro deve ser negociado a patamares mais elevados.”

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É uma reviravolta acentuada para o ouro, que caiu no mês passado devido às expectativas de que o Federal Reserve (Fed) continuaria seu aperto monetário agressivo para conter a inflação. Desde então, essas apostas diminuíram muito, com os operadores de swaps agora divididos sobre se o banco central aumentará novamente as taxas este ano.

Isso é uma benção para o ouro, que não tem rendimento, e os investidores responderam aumentando suas alocações no metal.

Todos os olhos agora se voltarão para a reunião do Fed que termina na quarta-feira (22), “onde o resultado será o mais difícil de prever em anos”, disse Ole Hansen, chefe de estratégia de commodities do Saxo Bank A/S.

Uma mudança para uma perspectiva mais “dovish” (favorável a juros mais baixos) dos formuladores de políticas em um momento em que a inflação continua elevada pode levar o ouro a um nível ainda mais alto.

O ouro à vista operava próximo da estabilidade em Londres, a US$ 1.985,52 a onça, após subir para US$ 2.009,73. A última vez que o ouro foi negociado acima da marca de US$ 2.000 foi em março de 2022.

O Bloomberg Dollar Spot Index (índice que acompanha o desempenho do dólar à vista) permaneceu estável após cair 0,6% na semana passada. A prata pouco mudou, enquanto a platina e o paládio caíram.

O que vai dizer se o ouro conseguirá manter esses ganhos será o dólar, disse Vivek Dhar, analista do Commonwealth Bank of Australia, em nota.

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“Consideramos o dólar um ativo de refúgio mais forte do que o ouro”, disse Dhar. “Isso significa que, se os eventos de risco forem grandes o suficiente, normalmente veremos os mercados mudarem do ouro para o dólar.”

--Com a colaboração de Swansy Afonso

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