Arsenal contra a crise bancária

Também no Breakfast: Buffett discute potencial ajuda a bancos americanos; Americanas apresenta hoje plano de recuperação e Os aeroportos mais bem avaliados do mundo

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Primeiro veio a artilharia americana, com o resgate excepcional do governo a todos os clientes do Sillicon Valley Bank e do Signature Bank, cobrindo depósitos acima do limite estabelecido de US$ 250 mil, além de novas linhas de liquidez do Fed, que podem injetar até US$ 2 trilhões no mercado.

Neste domingo, depois de negociações frenéticas que avançaram pelo fim de semana, o UBS acertou a compra do Credit Suisse por US$ 3,25 bilhões, em um negócio que parecia impensável uma semana atrás e que só se tornou possível graças ao pedido e ao suporte financeiro do governo suíço.

Também ontem, o Fed e mais cinco bancos centrais, que cobrem da Europa ao Japão, anunciaram acordo para aumentar a injeção de liquidez nos mercados por meio de swaps em dólar, com operações diárias.

Diferentemente do começo da crise financeira de 2008, governos não parecem estar dispostos a pagar o preço de pregar o risco moral dos que cometeram excessos nos tempos de juro zero. Resta saber quanto mais terão que gastar até que esses excessos sejam todos pagos no mercado.

Não será, no entanto, sem dor nem perdas: a decisão de marcar a zero US$ 17 bilhões em títulos mais arriscados do Credit Suisse, além da perda de equity de investidores, pode gerar mais turbulências.

Leia mais: UBS e Credit Suisse: o vencedor e os perdedores do negócio histórico global

No Radar

Após mais um fim de semana agitado entre bancos e autoridades monetárias, os investidores avaliam com apreensão as medidas coordenadas de bancos centrais para prover liquidez ao sistema bancário e os efeitos da aquisição do Credit Suisse pelo UBS. Os analistas fazem suas apostas para o próximo passo do Federal Reserve (Fed), tendo em conta a crise no setor bancário.

⏸️ Pausa no front? A instabilidade financeira leva os investidores a repensarem a hipótese de um aumento de 0,25 ponto percentual dos juros dos EUA. A avaliação é de que as medidas do fim de semana apontam para uma crise mais ampliada que justificaria a pausa do aperto monetário pelo Fed nesta quarta-feira (22).

🔻 Reação dos mercados. A queda das ações de bancos é destaque nas primeiras operações do dia, mostrando receio de que a crise de confiança se alastre. No pré-mercado, os papéis do UBS caíam perto de 7% às 6h47 de Brasília, em reação à compra do Credit Suisse, cujas ações chegaram a recuar ao redor de 60%. As ações do Deutsche Bank e do Commerzbank também perdiam cerca de 5%. Em Hong Kong, os papéis do HSBC declinaram 6,2% e os do Standard Chartered caíram 6%. O fechamento em baixa nas bolsas asiáticas foi seguido por perdas acima de 1% nas bolsas europeias. O sinal era negativo também entre os futuros de índices dos EUA e o contrato de ouro chegou a superar os US$ 2.000 pela primeira vez em um ano.

💬 Impressões do setor. O diretor de Investimentos do JPMorgan, Bob Michele, acredita que o acordo do UBS para comprar o Credit Suisse retira pressão do setor bancário, mas não estanca a crise. Segundo ele, esse cenário pesará sobre o crescimento econômico e reduzirá a pressão inflacionária. A missão do Fed passaria a ser a de evitar uma recessão e cortar a taxa de juros em setembro. Ed Yardeni, da Yardeni Research concorda que essa crise pode gerar uma recessão se for desencadeada uma crise de crédito.

📩 Tudo normal?. O banco suíço avisou à equipe que os bônus e os aumentos salariais ainda serão pagos como prometido no dia 24 de março e que as indenizações por demissões, que podem atingir 9 mil postos, seguirão as regras de mercado. Se espera que a fusão com o UBS seja concluída até o final deste ano. Em um memorando aos funcionários, o CEO do UBS Ralph Hamers advertiu: “até que o negócio seja fechado, o Credit Suisse ainda é nosso concorrente”. Ele lembrou que a equipe não deve tratar de assuntos de negócios com os companheiros do Credit Suisse.

🟢 As bolsas na sexta-feira (17/03): Dow Jones Industrials (-1,19%), S&P 500 (-1,10%), Nasdaq Composite (-0,74%), Stoxx 600 (-1,21%), Ibovespa (-1,40%)

A sexta-feira foi de perdas generalizadas nos mercados globais, com o sentimento de aversão a risco predominando entre investidores diante do temor de novas quedas com a crise dos bancos. Também afetou o mercado a expectativa quanto às reuniões de política monetária desta semana, tanto do Fed como do Copom, no caso brasileiro.

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Agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Saldo de Reservas com Bancos

• Europa:  Zona do Euro (Balança Comercial/Jan), Alemanha (IPP/Fev)

• América Latina: Brasil (Boletim Focus, IBC-Br); México (Vendas no Varejo/Jan); Argentina (Balanço Orçamentário/Fev)

• Ásia: China (Taxa de Empréstimo do BPC)

• Bancos centrais: Discurso de Christine Lagarde (BCE)

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

Destaques da Bloomberg Línea:

Americanas: plano de recuperação virá antes de acordo com principais credores

Brasília em off: a mudança defendida no governo para a meta de inflação

Vinho ocupa parte do espaço da cerveja entre as bebidas preferidas no Brasil

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• Opinião Bloomberg: O GPT-4 pode tornar o nosso trabalho um inferno de hiperprodutividade

• Pra não ficar de fora: Os melhores aeroportos do mundo, segundo os passageiros

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