UBS oferece até US$ 1 bi para comprar Credit Suisse, que considera valor baixo

Autoridades do país planejam mudar as leis para permitir uma rápida aprovação sem necessidade de votação de acionistas; Credit Suisse recusa proposta

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Bloomberg — O UBS (UBS) está oferecendo comprar o Credit Suisse (CS) por até US$ 1 bilhão em um acordo com todas as ações para assumir o concorrente em crise, mas o banco não concorda com a proposta e tem o apoio de seu principal acionista, o Saudi National Bank.

O Credit Suisse, que encerrou na sexta-feira (17) com um valor de mercado de cerca de 7,4 bilhões de francos (US$ 8 bilhões), acredita que a oferta é muito baixa e prejudicaria acionistas e funcionários com ações, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

As autoridades suíças planejam mudar as leis do país para evitar que seja necessária uma votação dos acionistas sobre a transação enquanto se apressam para finalizar um acordo antes de segunda-feira (20), informou o jornal neste domingo (19), citando quatro pessoas com conhecimento direto da situação.

A oferta foi comunicada na manhã de domingo com um preço de 0,25 francos por ação a ser pago em ações do UBS, segundo o FT.

O UBS também insistiu em incluir cláusulas que anulem o acordo se seus spreads de inadimplência de crédito saltarem 100 pontos-base ou mais, disseram as pessoas. As ações do Credit Suisse fecharam em queda de 8%, para 1,86 francos, no fechamento de sexta-feira (17).

O Credit Suisse chegou a ter um valor de mercado de US$ 110 bilhões em 2007. O UBS atualmente tem market cap de cerca de US$ 65 bilhões.

Um acordo mediado pelo governo representaria uma derrota para o Credit Suisse, cuja crise causou ondas de choque em todo o sistema financeiro global na semana que passou, quando investidores em pânico se desfizeram de suas ações e títulos após o colapso de vários bancos menores dos EUA.

Um apoio de liquidez do banco central suíço na noite de quarta-feira (15) interrompeu brevemente as quedas, mas o drama do mercado traz o risco de que clientes ou contrapartes continuem fugindo, com possíveis ramificações para o setor em geral.

As complexas discussões sobre qual seria a primeira combinação de dois bancos globais sistemicamente importantes desde a crise financeira de 2008 fizeram com que as autoridades suíças e americanas pesassem os cenários, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

As negociações se aceleraram neste sábado (18), com todos os lados pressionando por uma solução que pudesse ser executada rapidamente após uma semana em que os clientes retiraram dinheiro e as contrapartes desistiram de algumas negociações com o Credit Suisse.

Os dois bancos tiveram contato limitado, com termos fortemente influenciados pelo Banco Nacional Suíço, o banco central do país, e pelo agente regulador Finma, informou o Financial Times. A evolução da situação é muito rápida e não há garantia de que um acordo será alcançado ou que os termos permanecerão os mesmos, informou o jornal britânico.

O governo está preparando medidas de emergência para permitir que a aquisição prossiga em ritmo acelerado e planeja introduzir uma legislação que contornará o período normal de consulta de seis semanas exigido para os acionistas do UBS, informou o jornal.

- Matéria atualizada às 10h com a posição do Credit Suisse para a proposta do UBS.

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