UBS acerta aquisição do Credit Suisse por US$ 3,25 bilhões

Negócio fechado neste domingo a pedido de reguladores tenta colocar fim à crise do Credit Suisse depois de perdas e crise de confiança com investidores

Sedes do UBS e do Credit Suisse em Zurique: negócio fechado às pressas une os dois maiores bancos da Suíça (Francesca Volpi/Bloomberg)
Por Marion Halftermeyer - Jan-Henrik Förster - Dinesh Nair - Eyk Henning
19 de Março, 2023 | 02:20 PM
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Bloomberg — Depois de apenas três dias de negociações, o UBS (UBS) acertou neste domingo (19) a compra do concorrente Credit Suisse (CS), em negócio que une os dois maiores bancos da Suíça e dois dos maiores bancos do mundo, segundo pessoas com conhecimento da transação.

Inicialmente, foi noticiado que o negócio seria de mais de US$ 2 bilhões. Mais tarde, foi divulgado que o banco suíço vai pagar 3 bilhões de francos (US$ 3,25 bilhões) por seu rival em um acordo de ações que inclui amplas garantias do governo e provisões de liquidez. O preço é menos da metade dos 7,4 bilhões de francos que o Credit Suisse valia no fechamento do pregão de sexta-feira.

Apesar das perdas em anos recentes, o Credit Suisse é um dos maiores bancos do mundo, com cerca de US$ 575 bilhões em ativos ao fim de 2022 e US$ 1,3 trilhão em ativos sob gestão.

O negócio, arquitetado a pedido e com ajuda do governo, do banco central e de autoridades regulatórias do mercado de capitais do país europeu, tenta colocar fim à crise pela qual passa o Credit Suisse, depois de anos de prejuízos bilionários, escândalos e, mais recentemente, perda de confiança de investidores.

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O Swiss National Bank, o banco central do país, concordou em oferecer uma linha de liquidez de US$ 100 bilhões ao UBS como parte do acordo, de acordo com o Financial Times, que divulgou o acordo primeiro. As autoridades suíças estão prestes a mudar as leis do país para contornar a necessidade de voto dos acionistas, informou o jornal britânico, citando pessoas próximas ao assunto.

Representantes do UBS e do Credit Suisse se recusaram a comentar.

O UBS concordou em suavizar a exigência de uma cláusula de mudança material adversa que anularia o acordo casp seus spreads de inadimplência de crédito aumentassem, segundo o FT também informou citando pessoas familiarizadas com o assunto. A cláusula de mudança material adversa se aplica ao período entre a assinatura e o fechamento do acordo, disseram as pessoas.

A crise do Credit Suisse, que já se arrastava pelo menos há um ano, se agravou nos últimos dias com a quebra do Sillicon Valley Bank e de mais dois bancos menores dos Estados Unidos.

As ações do CS, como é também conhecido, caíram 24% na terça-feira, para um patamar mínimo histórico, depois que o principal investidor no banco, o Saudi National Bank, descartou novas injeções de capital.

No fim desse dia, o Swiss National Bank, o banco central do país, anunciou que forneceria injeção de liquidez para socorrer o CS, algo que se concretizou na quinta com um pedido de até US$ 54 bilhões. Mas, ainda assim, isso não foi suficiente para restaurar a confiança de investidores no mercado.

UBS e Credit Suisse tinham valor de mercado próximo no início da década passada, mas a diferença aumentou especialmente a partir de 2021

Os clientes sacaram mais de US$ 100 bilhões em ativos nos últimos três meses do ano passado, à medida que aumentavam as preocupações sobre sua saúde financeira, e as saídas continuaram mesmo depois de o banco conseguir atrair os acionistas em um aumento de capital de 4 bilhões de francos.

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Marco histórico para finanças globais

A aquisição do banco com 167 anos de existência marca um evento histórico para o país e para as finanças globais. O antigo Schweizerische Kreditanstalt foi fundado pelo industrial Alfred Escher em 1856 para financiar a construção da rede ferroviária da nação montanhosa.

Tornou-se uma potência global, simbolizando o papel da Suíça como um centro financeiro global, antes de lutar para se adaptar a um cenário bancário alterado após a crise financeira.

O UBS, por sua vez, tem suas raízes em cerca de 370 instituições separadas ao longo de 160 anos, culminando na fusão do Union Bank of Switzerland e do Swiss Bank Corporation em 1998.

Depois de emergir de um resgate estatal durante a crise financeira de 2008, o UBS construiu uma reputação como um dos maiores gestores de patrimônio do mundo, que atende indivíduos de alto e ultra-alto patrimônio líquido em todo o mundo.

O CEO do UBS, Colm Kelleher, disse que reduzirá o banco de investimentos do Credit Suisse, uma unidade que acumulou perdas nos últimos anos. “Deixe-me ser muito específico sobre isso: o UBS pretende reduzir o tamanho do negócio de banco de investimento do Credit Suisse e alinhá-lo com nossa cultura de risco conservadora”, disse ele em entrevista coletiva sobre o acordo.

- Atualizado às 17h32 com o valor do negócio e declaração do CEO do UBS.

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