Rage applying: depois do quiet quitting, a nova tendência nas redes sociais

Nova expressão é utilizada para descrever a insatisfação ou ‘raiva’ com o trabalho atual e também se popularizou originalmente em aplicativos como o TikTok

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Bloomberg Línea — Na onda do quiet quitting, um termo que surgiu no TikTok para descrever o hábito de fazer o mínimo possível no trabalho apenas para manter o emprego, usuários das redes sociais agora estão usando uma nova expressão para descrever outro comportamento relacionado ao trabalho: o rage applying.

A prática consiste em se candidatar para uma ou mais novas vagas de trabalho toda vez que a pessoa sente algum desconforto relacionado ao emprego atual. Pode ser uma questão de relacionamento com o chefe ou colegas de trabalho, a pressão excessiva ou algum outro ponto que sirva de gatilho para querer procurar uma nova ocupação.

Nas redes sociais, o termo virou meme. Usuários têm publicado vídeos simulando situações nas quais os chefes pedem para que um funcionário desempenhe uma série de tarefas, sem pausa. O colaborador, se sentindo sem saída, aceita, mas, quando volta para a sua estação de trabalho, começa a se candidatar para vagas de emprego com raiva, abrindo guias e mais guias de sites de recrutamento.

Em um dos vídeos, publicado no TikTok, a usuária redweez afirmou que se inscreveu em 15 vagas de emprego em um momento de ódio de seu trabalho anterior. Depois das entrevistas, ela conseguiu uma nova posição em uma empresa que, segundo ela, “é um bom lugar para trabalhar” e que a ofereceu “US$ 25.000 de aumento”.

Para Leonardo Berto, gerente operacional da Robert Half no ABC e Baixada Santista, movimentos como esse mostram a frustração e o desconforto dos profissionais no mercado de trabalho. “O rage applying nada mais é do que uma demonstração clara de descontentamento. Ele pode ser a forma que o profissional encontra de demonstrar que não está feliz na companhia”, explica.

Mas, como tudo na carreira, até mesmo a inscrição em vagas por raiva do trabalho atual precisa ter um motivo claro. Por isso, o ideal é avaliar as razões por trás da insatisfação antes de a pessoa se inscrever em inúmeros processos seletivos.

Segundo o especialista, é preciso entender se o descontentamento é algo passageiro ou frequente. A primeira situação pode ser mudada ainda dentro da mesma companhia, com diálogo, tempo e talvez até mesmo uma mudança de área, enquanto a segunda é um pouco mais complexa.

“O candidato precisa entender se isso vem de um desajuste emocional, se isso vem dos modelos operacionais e de processos da organização, se isso vem do ambiente, do equilíbrio entre vida profissional e pessoal… É preciso entender de onde vem a fonte da frustração para fazer as perguntas certas, até mesmo durante um processo seletivo”, afirma. “Olhar para o todo pode ser benéfico, tanto para a empresa quanto para o profissional, para entender o porque desse comportamento tão imediatista.”

No caso da usuária do TikTok que diz ter conseguido um emprego melhor, a história do rage applying teve um final feliz, mas esse pode não ser o caso em todas as vezes.

“Na ânsia de querer encontrar algo melhor, você pode ir aplicando para um volume de posições muito grande, às vezes sem critério, e isso faz com que as escolhas não sejam as melhores — a ansiedade pode atrapalhar e não te dar uma continuidade de carreira”, diz Berto.

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