Desemprego sobe a 8,4% em janeiro no Brasil, a primeira alta em quase um ano

Resultado do trimestre encerrado em janeiro mostra um enfraquecimento da trajetória de melhoria do mercado de trabalho que marcou o ano de 2022

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Bloomberg Línea — A taxa de desemprego subiu para 8,4% no trimestre móvel encerrado em janeiro, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (17). O número ficou acima dos 7,9% registrados no período encerrado em dezembro. O resultado indica a primeira alta mensal desde fevereiro de 2022, embora, por razões sazonais do mercado de trabalho, é esperado que o desemprego suba em janeiro. Economistas consultados pela Bloomberg estimavam uma taxa desemprego de 8,2%.

Já em relação ao trimestre anterior, quando a taxa de desemprego estava em 8,3%, o número mostra estabilidade, segundo o IBGE. No total, o Brasil tinha cerca de 9 milhões de desempregados até janeiro. Já o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, o chamado nível de ocupação, chegou a 56,7% ante 57,2% em dezembro.

O resultado mostra um enfraquecimento da melhora do mercado de trabalho que marcou o ano de 2022. A taxa de desemprego chegou a um pico de 14,8% no trimestre encerrado em abril de 2021 e vinha caindo desde então.

“É possível perceber de uma maneira mais acentuada a perda de ocupação das atividades de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com uma retração de 272 mil pessoas, e de Administração pública, educação e saúde, com perda de 342 mil pessoas. Além dessas principais, houve variações negativas em outras atividades, embora não estatisticamente significativas, que apontam para uma perda de número de trabalhadores no início do ano, na virada do 4º trimestre de 2022 para o início de 2023″, disse Adriana Beringuy, coordenadora da Pnad Contínua, em comunicado divulgado pelo IBGE.

Apesar do aumento da taxa de desemprego, os rendimentos dos brasileiros cresceram 1,6% em janeiro, para R$ 2.835. Em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 7,7%, sugerindo uma maior recuperação da renda, o que tende a impulsionar a demanda no país.

Os dados podem ser levados em conta pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em sua próxima reunião em 21 e 22 de março, na semana que vem. Os dados de um mercado de trabalho menos aquecido, além da expectativa de desaceleração da economia e as turbulências globais que afetam o sistema bancário nos Estados Unidos e na Europa, podem influenciar a avaliação dos diretores do Banco Central sobre o futuro da política monetária no país.

Mesmo com o aumento do desemprego, o economista Gabriel Couto, do Santander, avalia que o resultado ainda mostra um mercado de trabalho superaquecido, mas com sinais mistos. Ele avalia que o nível de desemprego permanece baixo mais pela redução da taxa de participação do que pelo crescimento do emprego.

“Após vários meses de forte crescimento, os salários reais mostram alguns sinais de desaceleração na margem, mas ainda sinalizam um mercado de trabalho superaquecido. Esperamos que a tendência de desaceleração do mercado de trabalho continue à frente, mas a continuidade de uma baixa taxa de participação implica em risco de queda em nossas projeções para a taxa de desemprego”, afirmou Couto em comentário a clientes.

-- Atualizado às 10h30 para incluir o comentário do Santander.

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