Bancos tomam empréstimos do Fed de US$ 164,8 bilhões para garantir liquidez

Valor levantado na semana encerrada em 15 de março é o maior desde a crise financeira de 2008; empréstimos reverteram cerca de metade do encolhimento do balanço do Fed

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Bloomberg — Os bancos tomaram emprestados US$ 164,8 bilhões combinados de duas linhas de apoio do Federal Reserve (Fed) na semana mais recente, um sinal de tensões crescentes de financiamento após a falência do Silicon Valley Bank (SVB).

Dados publicados pelo Fed mostraram US$ 152,85 bilhões em empréstimos da janela de desconto — o tradicional suporte de liquidez para os bancos — na semana encerrada em 15 de março, um recorde, acima dos US$ 4,58 bilhões da semana anterior. O recorde anterior foi de US$ 111 bilhões, alcançado durante a crise financeira de 2008.

Os dados também mostraram US$ 11,9 bilhões em empréstimos do novo apoio de emergência do Fed, conhecido como Bank Term Funding Program, lançado no domingo.

Em conjunto, o crédito concedido por meio dos dois backstops mostra um sistema bancário ainda frágil e lidando com a migração de depósitos após a falência do Silicon Valley Bank of California (conhecido como SVB) e do Signature Bank of New York na semana passada.

Outras extensões de crédito totalizaram US$ 142,8 bilhões durante a semana, refletindo os empréstimos do Federal Deposit Insurance Corp. para bancos intermediários do SVB e do Signature Bank.

Por outro lado, os dados da EPFR Global citados pelo Bank of America (BAC) mostraram que os fundos do mercado monetário atraíram US$ 113 bilhões em entradas, a maior desde abril de 2020, enquanto os títulos do Tesouro atraíram as maiores entradas desde maio de 2022, com US$ 9,8 bilhões na semana até 15 de março.

Ao todo, os empréstimos de emergência reverteram cerca de metade do encolhimento do balanço que o Fed alcançou desde que iniciou o chamado aperto quantitativo (QT) — permitindo que sua carteira de ativos diminuísse — em junho do ano passado. E os saldos de reservas do banco central saltaram cerca de US$ 440 bilhões em uma semana – o que “basicamente reverteu todos os esforços de QT do Fed”, segundo a Capital Economics.

“Está de acordo com o que esperávamos”, disse Michael Gapen, chefe de economia dos Estados Unidos do Bank of America Securities em Nova York. Gapen disse que as taxas mais altas de empréstimos na janela de desconto em relação ao novo mecanismo de Financiamento a Prazo do Banco podem refletir o conjunto mais amplo de garantias que os bancos podem oferecer na janela.

Na tarde de quinta-feira, os maiores bancos do país concordaram com um plano para depositar cerca de US$ 30 bilhões no First Republic Bank, em um esforço orquestrado pelo governo dos Estados Unidos para estabilizar o maltratado banco da Califórnia.

O Tesouro dos EUA e a Federal Deposit Insurance Corp. intervieram e exerceram poderes incomuns no fim de semana para proteger todos os depositantes do SVB e do Signature. Normalmente, os depositantes são segurados apenas até US$ 250.000.

O Fed também deu o passo extraordinário de estender a rede de segurança, garantindo que os bancos teriam liquidez suficiente para atender a todas as necessidades de depósito. O BTFP permite que os bancos ofereçam garantias do governo ao par em troca de um empréstimo de um ano. Funcionários do governo disseram na época que havia garantias suficientes no sistema bancário para cobrir todos os depositantes.

Analistas do JPMorgan Chase (JPM) estimaram US$ 2 trilhões como um nível superior para quanta liquidez o novo backstop poderia fornecer, embora também tenham desenvolvido um cálculo menor de cerca de US$ 460 bilhões com base na quantidade de depósitos não garantidos em seis bancos americanos que têm o maior proporção de depósitos não garantidos sobre o total de depósitos.

--Com a ajuda de James Hirai

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