Bloomberg — O Banco Central Europeu (BCE) anunciou o aumento de meio ponto percentual nas taxas de juros nesta quinta-feira (16), conforme o esperado. A autoridade monetária, contudo, não se pronunciou sobre o que pode acontecer em meio à turbulência do mercado que abalou o Credit Suisse (CS).
A taxa de juros foi elevada para 3% nesta quinta – em linha com o que vem sido sinalizado desde sua última reunião há seis semanas –, mas retirou as sinalizações indicando o caminho futuro das taxas.
Apesar do alerta de que a inflação deve permanecer “muito alta por mais tempo”, as autoridades do BCE se recusaram a dar orientações sobre o que provavelmente farão na próxima vez que se reunirem, em maio. Isso rompe com a prática de reuniões recentes em meio aos crescentes temores de estabilidade financeira.
“O elevado nível de incerteza reforça a importância de uma abordagem dependente de dados para as decisões de juros do Conselho do BCE”, disse a autoridade monetária em um comunicado. O banco central “está monitorando de perto as atuais tensões do mercado e está pronto para responder conforme necessário para preservar a estabilidade de preços e a estabilidade financeira”.
As projeções econômicas trimestrais que acompanharam o anúncio mostraram que a inflação desacelerou mais do que se pensava este ano, juntamente com ganhos de preços subjacentes mais fortes que excluem itens voláteis como alimentos e energia.
Crise do Credit Suisse
A estabilização no Credit Suisse será bem recebida pelo BCE, que está convencido de que sua batalha contra a inflação está longe de terminar. A questão agora é se os recentes problemas bancários restringem sua capacidade de enfrentar os ganhos de preços que, embora moderados, permanecem mais próximos de dois dígitos do que sua meta de 2%.
O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse aos ministros das Finanças da União Europeia na terça-feira (14) que os bancos individuais podem ser vulneráveis ao aumento das taxas, embora tenha dito que os credores da região estão muito menos expostos do que os americanos, segundo pessoas familiarizadas com as negociações.
Os mercados acham que o BCE agora fará menos. Eles reduziram as apostas no pico do ciclo de alta de juros para 3,2%, de 4,2% há uma semana.
Com a alta recorde dos preços na Europa recuando desde novembro, os traders “hawkish” se concentraram no núcleo da inflação, que atingiu um recorde em fevereiro, para defender mais altas.
As autoridades também estão de olho nos salários, à procura de sinais de aumentos excessivos que possam consolidar o atual nível de inflação. Acordos recentes, embora substanciais, não geraram preocupação indevida.
Depois, há o Federal Reserve, que só se reunirá na próxima semana e tem mais tempo para examinar a explosão bancária antes de definir os custos dos empréstimos. Enquanto o Fed começou a apertar mais cedo, os dois bancos centrais estão em posições semelhantes, cada um ainda enfrentando o perigo adicional de uma recessão.
Também não está claro como os eventos recentes afetarão os planos de reduzir o estoque de títulos do BCE acumulados em estímulos anteriores. Os formuladores de políticas começaram a reduzir as participações em 15 bilhões de euros por mês em março, com esse valor a ser revisto em junho.
-- Com a colaboração de Laura Malsch, Bryce Baschuk, James Regan, William Horobin, Alessandra Migliaccio, Zoe Schneeweiss, Aaron Eglitis, Alexander Pearson, Angela Cullen, Alexey Anishchuk, Christoph Rauwald e Ben Sills
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