Ação do Credit Suisse cai 24% e arrasta bolsas após acionista rejeitar aporte

Saudi National Bank, de propriedade parcial do fundo soberano saudita, virou o maior investidor do banco suíço depois de comprar fatia de 9,9% em 2022

Ações do banco suíço despencaram até 24% nesta quarta-feira (15) em Zurique
Por Yousef Gamal El-Din
15 de Março, 2023 | 08:34 AM

Bloomberg — O maior acionista do Credit Suisse (CS) descartou a possibilidade de investir mais no banco suíço depois que o valor de sua participação despencou mais de um terço nos últimos três meses.

”A resposta é absolutamente não, por muitas razões além da mais simples, que é a regulatória e estatutária”, disse o presidente do Saudi National Bank, Ammar Al Khudairy, em entrevista à Bloomberg TV nesta quarta-feira (15). Essa foi sua resposta a uma pergunta sobre se o banco saudita estaria aberto a novas injeções de capital se houvesse outro pedido de liquidez adicional.

As ações do Credit Suisse despencaram 24,24% no fechamento desta quarta-feira em Zurique, para uma nova mínima recorde.

O índice europeu Stoxx 600 recuou 3,01% no fechamento; o S&P 500 e a Nasdaq 100 tinham queda de 1,11% e 0,32%, respectivamente, por volta das 16h45 no horário de Brasília.

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Os preços de títulos soberanos dos EUA e da Alemanha subiam, como reflexo da busca de investidores por ativos considerados menos arriscados.

E o custo de proteger os títulos de dívida do banco contra inadimplência no curto prazo, através de contratos de swaps conhecidos como CDS, se aproximou de um nível que normalmente sinaliza sérias preocupações dos investidores.

O custo do CDS de curto prazo está cerca de nove vezes maior que para o Deutsche Bank e 18 vezes o custo para dívida do UBS. A curva do CDS também está profundamente invertida, o que significa que custa mais proteger contra uma hipotética quebra imediata do banco do que para um default mais adiante.

Faz apenas alguns meses que o banco embarcou em um complexo plano de recuperação, incluindo a cisão do negócio de banco de investimento, enquanto se concentra em sua unidade de gestão de patrimônio.

Analistas apontam para os riscos de execução do plano, enquanto o banco ainda luta para conter saques de clientes, após ser prejudicado por rumores que circularam nas redes sociais no final do ano passado sobre sua saúde financeira.

O CEO Ulrich Koerner disse na terça-feira (14), em entrevista à Bloomberg TV em Londres, que a posição financeira do banco é sólida, incluindo o chamado índice de cobertura de liquidez, que pode ser utilizado para cumprir suas obrigações, em cerca de 150%.

O Saudi National Bank, que é 37% de propriedade do fundo soberano saudita, tornou-se o maior acionista do Credit Suisse no final do ano passado, depois de adquirir uma participação de 9,9%.

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Al Khudairy indicou que ultrapassar uma fatia de 10% traria obstáculos regulatórios adicionais. O valor da participação saudita já caiu em mais de 500 milhões de francos suíços (US$ 540 milhões) em questão de meses.

Embora Koerner tenha citado métricas importantes para demonstrar a solidez financeira do banco, as preocupações do mercado com o futuro da instituição financeira persistem.

Também nesta quarta, o presidente do conselho do banco, Axel Lehmann, rebateu qualquer hipótese de que o Credit Suisse precisaria de ajuda do governo.

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- Matéria atualizada às 16h45 com as cotações do fechamento.

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