Latam planeja listar ADRs em NY e voltar ao mercado de títulos após recuperação

Companhia aérea com sede em Santiago está tentando reduzir a relação entre dívida e lucro ao mesmo tempo em que expande as rotas de sua rede

Aeronave da Latam Airlines na pista do Aeroporto Internacional Arturo Merino Benitez (SCL), em Santiago
Por Ezra Fieser
15 de Março, 2023 | 08:04 AM

Bloomberg — A maior companhia aérea da América Latina está planejando um retorno aos mercados de capitais dos Estados Unidos depois de cortar quase US$ 4 bilhões em dívidas durante uma reestruturação que durou anos.

A Latam Airlines buscará listar novamente seus recibos de ações (ADRs) na bolsa de valores de Nova York este ano, depois de terem sido suspensos durante a recuperação judicial, afirmou o CFO, Ramiro Alfonsín, em entrevista por vídeo. A companhia também espera retornar aos mercados internacionais de títulos no ano que vem, disse ele.

A operadora com sede em Santiago, que saiu da recuperação judicial em novembro, está tentando reduzir a relação dívida/lucro ao mesmo tempo em que expande as rotas de sua rede.

“Temos uma boa oportunidade para o mercado reconhecer e entender melhor a nova Latam”, disse Alfonsín. “Em 2024, é provável que comecemos a abordar a questão do refinanciamento.”

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A companhia, que opera 310 aeronaves e tem a maior participação em pelo menos quatro mercados da América do Sul, foi uma das três grandes companhias latino-americanas a buscar reestruturação nos tribunais americanos quando a pandemia da covid-19 paralisou as viagens aéreas em 2020.

A empresa tem cerca de US$ 6,5 bilhões em dívidas, incluindo mais de US$ 1 bilhão em notas garantidas com vencimento em 2027 e 2029 que foram emitidas como colocações privadas durante a reestruturação.

Cada uma das notas teve retorno de 15% desde a emissão, melhor do que o ganho médio de 7,6% das companhias aéreas de alto rendimento, de acordo com um índice da Bloomberg.

As ações, que nunca nunca tiveram as negociações interrompidas em Santiago, perderam 19% desde que a empresa saiu da recuperação judicial. Seus ADRs têm sido negociados no mercado de balcão.

A Latam definiu o guidance de 2023 para o Ebitdar – medida padrão de lucratividade para as companhias aéreas – em US$ 2 bilhões a US$ 2,2 bilhões, próximo ao valor de 2019, o último ano cheio antes da pandemia. A dívida líquida deve cair para cerca de três vezes o Ebitdar, contra quatro vezes no final de 2022.

Planos de expansão

A empresa tem cerca de US$ 2,3 bilhões em liquidez depois de garantir caixa sob uma nova estrutura de proprietários que inclui participações de empresas americanas de investimento como a Sixth Street Partners e a Strategic Value Partners, e operadoras aéreas internacionais como a Delta Airlines e a Qatar Airways.

A Latam planeja voar 38 rotas a mais do que antes da pandemia, com o retorno da demanda. Para as rotas internacionais, juntou-se à Delta em um acordo comercial, que está “entre as estratégias de expansão mais lucrativas e menos difíceis”, de acordo com Stephen Trent, analista do Citigroup (C), que classifica a Latam como risco neutro/alto.

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Nos mercados domésticos, Alfonsín disse que a Latam está olhando para a Colômbia depois que a companhia de baixo custo Viva Air parou de operar no mês passado após uma tentativa fracassada de integração com a Avianca, a maior companhia aérea do país.

Também existem oportunidades de aumentar a participação de cerca de 37% que diz ter no Brasil. As concorrentes Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) evitaram a recuperação judicial durante a pandemia, mas agora estão trabalhando em acordos para fortalecer suas finanças.

“Algumas empresas tiveram que passar por recuperação e se reestruturar, enquanto outras tentaram enfrentar a tempestade”, disse ele. “Você está vendo as consequências disso agora.”

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