Bank of America recebe mais de US$ 15 bilhões em depósitos após quebra do SVB

Investimentos acontecem à medida que clientes temerosos de uma crise buscam refúgio nas empresas consideradas grandes demais para falir

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Bloomberg — O Bank of America (BAC) absorveu mais de US$ 15 bilhões em novos depósitos em questão de dias, emergindo como um dos grandes vencedores depois que o colapso de três bancos menores abalou a confiança na segurança dos credores regionais.

Os fluxos de entrada oferecem um primeiro vislumbre do dilúvio de depósitos que chegou aos maiores bancos do país, à medida que clientes temerosos de uma crise crescente buscam refúgio nas empresas consideradas “grandes demais para falir”.

O dinheiro que flui para o segundo maior banco dos Estados Unidos foi descrito por pessoas com conhecimento direto do assunto, que pediram para não serem identificadas porque a informação não é pública.

O colapso do Silicon Valley Bank na sexta-feira (10), a maior quebra de banco dos EUA desde a crise financeira, foi precipitada pela fuga de depositantes e enviou ondas de choque em todo o sistema financeiro global.

Também forçou o governo Biden a implementar novas medidas extraordinárias para fortalecer a fé no sistema bancário. Na última semana, o banco focado em cripto Silvergate Capital Corp. fechou as portas e as autoridades também fecharam o Signature Bank, com sede em Nova York, no domingo (12).

Um porta-voz do Bank of America se recusou a comentar.

Outros bancos como JPMorgan Chase (JPM), Citigroup (C) e Wells Fargo (WFC) também arrecadaram bilhões em novos depósitos, embora os números ainda não tenham sido divulgados.

Os bancos de Wall Street viram um aumento nos depósitos durante a pandemia, à medida que clientes e empresas guardavam dinheiro das medidas de estímulo.

À medida que a pandemia recuou, os programas de assistência do governo foram encerrados e as taxas de juros subiram, o dinheiro começou a sair pela porta. No final do ano passado, os depósitos no Bank of America caíram US$ 8 bilhões em comparação com o final do terceiro trimestre.

O influxo de depósitos pode, por enquanto, moderar uma tendência que preocupa os investidores há meses: uma desaceleração no crescimento da receita líquida de juros.

O medo atual era que os maiores bancos dos EUA, enfrentando uma queda nos depósitos de clientes em busca de rendimentos mais altos, finalmente teriam que repassar alguns dos benefícios que estavam obtendo com os aumentos das taxas do Fed para os poupadores.

Isso parece menos necessário agora, já que os saldos dos depósitos começam a inchar novamente em meio ao colapso do SVB.

Pior perspectiva para bancos

No início desta semana, a agência de classificação de risco Moody’s cortou sua perspectiva para o sistema bancário dos EUA de estável para negativa, citando a corrida aos depósitos no Silvergate, SVB e Signature Bank. O CEO da State Street Corp., Ron O’Hanley, chamou a decisão de “terrível reação exagerada” em entrevista à Bloomberg TV nesta quarta-feira (15).

“Houve muitas circunstâncias únicas em torno dos bancos em questão – tanto no lado dos ativos quanto no passivo”, disse O’Hanley. “Não acho útil quando as agências de classificação tratam setores inteiros da mesma maneira.”

-- Com a colaboração de Katia Porzecanski e Jenny Surane.

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