Bloomberg — Com uma desaceleração forte da atividade em curso e um contexto externo que ganhou mais peso após o colapso do SVB, que alimentou expectativas de um Fed mais brando lá fora e trouxe alívio para a curva de juros aqui, o Banco Central tem à frente todos os motivos para cortar a Selic, aponta o economista-chefe da corretora Warren Rena, Felipe Salto. O fiscal, diz ele, é o único “bode no meio da sala”.
Para Salto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem sinalizado para uma regra fiscal que aponte para algum controle do gasto, ainda que o peso dado ao resultado primário e à recuperação da receita seja grande dentro do governo. O cenário mais provável, diz, é um arcabouço que permita algum aumento real do gasto, o que tende a ter boa receptividade dentro do mercado.
“O teto de gastos, conforme sonhado, nunca existiu de verdade e foi alterado na primeira vez em que começou a pressionar. A regra agora será o que for possível”, disse ele, em entrevista, acrescentando que o sinal que o investidor realmente espera é o do compromisso político em torno da regra.
Nesse desenho “não tem por quê não imaginar que haverá corte de juro”. A Warren Rena vê a Selic terminando 2023 em 11%, com cortes iniciando em junho, inicialmente em 0,50 ponto e ganhando tração em seguida. Para 2024, a previsão é de 9,5%.
Em relação à reforma tributária prometida pelo governo, Salto, que também foi secretário de Fazenda do estado de São Paulo, afirma que um entendimento será difícil, uma vez que uma reforma ampla envolve um consenso com estados, setores da economia e com o próprio Congresso. “Mas só de entrar na agenda, vai testar o assunto no Congresso. O que avançar, é lucro”, diz.
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