Embraer quer retomar nível de entregas pré-pandemia, mas concorrência é acirrada

Tentativa de retomada da fabricante brasileira vem sendo afetada pela crise na cadeia de fornecedores e competição com rivais como Boeing e Airbus

A fabricante brasileira deve continuar enfrentando competição acirrada com rivais
10 de Março, 2023 | 03:50 PM

Bloomberg Línea — A Embraer (EMBR3) planeja voltar aos tempos áureos de entregas de aeronaves comerciais em volumes acima de 100 unidades por ano, mas a ambição da companhia tem esbarrado na competição acirrada com rivais como Boeing e Airbus. Mais recentemente, a brasileira tem enfrentado ainda desafios em meio à pandemia e à crise na cadeia de fornecedores.

Antes da crise de 2008, a Embraer estava entregando volumes acima de 150 aeronaves por ano na aviação comercial. No ano passado, a companhia entregou 57 unidades, abaixo do guidance (projeção) traçado entre 60 e 70 unidades.

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O presidente da Embraer, Francisco Gomes, disse nesta sexta-feira que seria “muito otimista” se aproximar, no curto prazo, dos patamares de meados de 2008, quando a companhia entregou acima de 160 jatos comerciais.

“Nós temos, sim, uma expectativa nos próximos anos, 2024, 2025 e 2026, de voltar aos três dígitos, em torno de 100, um pouco acima de 100 aeronaves por ano”, afirmou o executivo a jornalistas.

Ele acrescentou que, mesmo na aviação comercial em 2022, a companhia fez um lucro positivo com a entrega de 57 aeronaves, embora ligeiramente abaixo do guidance. “Para esse ano, estamos planejando de 65 a 70 (entregas), naturalmente crescendo esse volume para mais de 100 unidades vai nos permitir uma entrega de resultado muito importante na aviação comercial.”

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Novos clientes

O presidente da Embraer disse que o mercado chinês deve ser muito relevante para a companhia nos próximos anos. Com a certificação do E195-E2, maior aeronave comercial da brasileira, na China, a expectativa é elevar a presença local.

“Já há campanhas (de vendas) em andamento, esperamos novidades em breve no mercado chinês”, disse o executivo.

Após a pandemia, o mercado de aviação comercial global vem se reconfigurando, em meio a movimentos de consolidação das aéreas e revisão das rotas. Isso impacta diretamente os planos de renovação de frota e, consequentemente, as fabricantes.

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No mês passado, a Air India fez um pedido de 470 aeronaves comerciais, o maior da história da indústria aeronáutica, para Boeing (220) e Airbus (250).

A Embraer tem forte atuação em jatos de médio porte. Para analistas, entretanto, as companhias aéreas estão buscando aviões maiores, principalmente nos Estados Unidos, o maior mercado do mundo.

Balanço

No quarto trimestre, a Embraer entregou 80 jatos, sendo 30 comerciais e 50 executivos. Em 2022, foram entregues 159 jatos, sendo 102 jatos executivos.

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De outubro a dezembro, a companhia reportou lucro líquido ajustado de R$ 226,2 milhões, queda de 30,8% sobre igual período de 2021. No acumulado do ano, a Embraer registrou resultado líquido ajustado de R$ 171 milhões, revertendo prejuízo de R$ 162,6 milhões um ano antes.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) no quarto trimestre alcançou R$ 1,07 bilhão, alta de 71% sobre um ano antes. No acumulado de 2022, porém, o Ebitda caiu 80%, para R$ 418,7 milhões.

Crise de suprimentos

Para este ano, executivos da Embraer ainda projetam dificuldades para o recebimento de peças e componentes. Em teleconferência com analistas, o CFO Antonio Garcia disse que o guidance na aviação comercial em linha com 2022 se deve à limitação na cadeia de suprimentos.

Gomes destacou que os motores são os itens mais críticos no fornecimento. “Temos outras dificuldades com sistemas hidráulicos e outros equipamentos, mas não tão graves quanto motores”, disse o executivo. “Este ainda vai ser um ano com desafios e só esperamos uma normalização para 2024.”

Ele disse ainda que, além da quantidade limitada de motores, a companhia sofre com peças em atraso. “Isso nos obriga a ser flexíveis no processo (de produção), o que acaba impactando no tempo e nos estoques, mas acreditamos que no segundo semestre devemos ter uma situação de maior normalização”, observou.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.