Pedidos de seguro-desemprego nos EUA saltam para nível mais alto desde dezembro

Total de 211.000 solicitações na última semana superou as previsões de economistas e coloca pressão sobre o Fed no ritmo de aperto monetário

Por

Bloomberg — Os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos subiram para o nível mais alto desde dezembro na semana passada, impulsionados por picos na Califórnia e em Nova York e sugerindo algum abrandamento no que ainda é um mercado de trabalho apertado.

Os pedidos iniciais de desemprego aumentaram em 21.000, para 211.000 na semana encerrada em 4 de março, mostraram dados do Departamento do Trabalho nesta quinta-feira (9). O número superou as previsões de todos os economistas. A estimativa média era de 195.000 pedidos.

As reivindicações contínuas, que incluem pessoas que receberam seguro-desemprego por uma semana ou mais e são um bom indicador de como é difícil para as pessoas encontrar trabalho depois de perder o emprego, aumentaram 69.000 para 1,72 milhão na semana encerrada em 25 de fevereiro, o maior salto desde novembro de 2021.

Em uma base não ajustada, os pedidos aumentaram em mais de 35.000, para 237.513. Califórnia e Nova York foram responsáveis por três quartos do aumento. O clima severo no meio-oeste e na Califórnia pode ter sido um fator.

Os números também podem ter sido impulsionados por funcionários de escolas da cidade de Nova York que negociaram em seus contratos a capacidade de solicitar benefícios de desemprego quando há férias escolares, de acordo com Stephen Stanley, economista-chefe do Santander US Capital Markets LLC.

“A contagem desta semana foi inflada pelo feriado escolar da cidade de Nova York”, disse Stanley em nota.

Além disso, empresas de tecnologia, mídia e finanças anunciaram dezenas de milhares de cortes de empregos nas últimas semanas.

Mercado de trabalho segue forte

“O aumento nos pedidos de auxílio-desemprego é apenas uma amostra do que esperamos nos próximos dois meses, quando os pedidos devem aumentar acentuadamente após um aumento nos anúncios de demissões. Mais empresas estão claramente se preparando para uma desaceleração econômica, cortando trabalhadores e diminuindo as contratações”, avalia a economista Eliza Winger, da Bloomberg Economics.

Apesar do salto na sinistralidade, o mercado de trabalho continua robusto. Relatórios sobre folhas de pagamento privadas e abertura de empregos divulgados nesta semana mostraram contratações sólidas e demanda por trabalhadores.

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou perante o Congresso esta semana que, se os dados econômicos continuarem fortes, o banco central poderá aumentar as taxas de juros em um ritmo mais rápido, embora os formuladores de políticas ainda não tenham tomado uma decisão para sua próxima reunião de política.

Muito disso dependerá do relatório de empregos do governo de sexta-feira (10), que os economistas consideram que pode inclinar a balança em favor de maiores aumentos nas taxas de juros.

As estimativas apontam para 225.000 folhas de pagamento em fevereiro e para a taxa de desemprego se manter em uma baixa de cinco décadas.

Os dados de reivindicações podem ser instáveis semana a semana e especialmente em feriados, e os números chegaram perto do Dia dos Presidentes.

A média móvel de quatro semanas nos pedidos iniciais, que suaviza parte da volatilidade, subiu para 197.000, a maior desde janeiro.

-- Com a colaboração de Jordan Yadoo e Vicente Golle

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também:

50 Mulheres de Impacto da América Latina: as lideranças em finanças

Multiplan mira expansão ao interior e Nordeste e renovar quadros, diz novo CEO

Gestora de ativos alternativos, Jive aposta em marca e networking como negócio