Bloomberg Línea — A Jive Investments, uma das maiores gestoras do país com foco em investimentos alternativos, abriu uma nova frente de negócios.
A gestora investiu na construção de uma espaço multiuso localizado no mesmo endereço dos seus escritórios, no complexo de duas torres comerciais da Brasilinvest, de Mário Garnero, na ponta norte da avenida Faria Lima, em São Paulo. São mil metros quadrados divididos em três andares reformados. A gestora não divulgou o valor total do projeto.
O espaço, concebido pelo escritório Athié Wohnrath, foi concebido pela gestora como parte de seu plano de reforçar sua autoridade no segmento de ativos alternativos distressed.
Os objetivos passam pelo networking mas também como meio de promoção da marca da gestora, algo que, no fim do dia, em tese reforçará a capacidade de distribuição e de definição de preços dos ativos colocados ao mercado, de olho também no potencial para investidores de varejo.
A Jive House é um espaço com área para apresentações, salas de reunião, café e restaurante e estúdio para podcast, aberto ao público e que pode ser alugado.
Com cerca de R$ 14,2 bilhões em ativos sob gestão, a Jive cresceu e se especializou na última década em recuperação de créditos e outros ativos distressed ou “ativos estressados”, que são créditos que entraram em default ou com maior potencial de inadimplência, além de real estate. Ou seja, áreas com foco em investidores profissionais e, depois, qualificados, distantes do varejo.
Em 2022, a gestora realizou uma fusão com a Mauá Capital, cujo sócio-fundador e CEO, Luiz Fernando Figueiredo, tornou-se presidente do conselho de administração da Jive. A empresa tem ainda como sócia minoritária a XP Inc. (XP), de Guilherme Benchimol, após aporte em 2021.
Federico Goyret, sócio e CMO da Jive e idealizador do projeto, disse à Bloomberg Línea que o projeto servirá também para gerar negócios entre clientes, parceiros e sócios da gestora. E que reflete uma mudança de posicionamento pelo qual a Jive está passando para reforçar a marca.
Um exemplo é a sala “Bossa Nova”, inspirada no fundo high yield (crédito de maior risco e potencial retorno mais alto) de mesmo nome da Jive que foi colocado ao mercado no ano passado, em nova estratégia para ampliar o público endereçável: a apresentação no material informativo foge do jargão do mercado financeiro e adota um storytelling típico de produtos de massa, sem abrir mão da identificação de riscos.
Goyret chegou à Jive em 2021 com a missão de investir no branding da gestora, depois de quatro anos na liderança do marketing da Renault no Brasil, em que marcou o mercado automotivo em campanhas com celebridades como Anitta, Marina Ruy Barbosa e Bruno Gagliasso.
Ele contou que a Jive House teve inspiração no “Forbes on Fifth”, na Quinta Avenida em Nova York, local que tem como objetivo unir tecnologia aos negócios, com estúdios e salas de reunião.
Fundada em 2010, a Jive conta hoje com um time de 300 pessoas. São cinco fundos de investimento de ativos “estressados”, além de quatro advindos da Mauá Capital.
Goyret disse que o fato de a Jive fazer a originação de ativos para os fundos da casa ajudaram a evitar que fossem afetados pela crise de crédito decorrente como do colapso da Americanas (AMER3).
O Bossa Nova teve ganhos de 14,68% no acumulado de 2022, ante variação de 11,56% do CDI.
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