BlackRock e Schroders debatem impacto de juros a 6% nos EUA após tom duro do Fed

Mensagens mais recentes do Federal Reserve preparam o cenário para o banco central americano retomar a dose de aumentos de meio ponto percentual

Gestora global debate o que vai acontecer se a taxa básica nos EUA atingir um pico de 6%
Por Richard Henderson
08 de Março, 2023 | 10:00 AM

Bloomberg — O cenário de taxa de juros de 6% nos Estados Unidos está sendo cada vez mais precificado, o que tem levado investidores a repensarem suas estratégias.

BlackRock e Schroders estão entre as gestoras no debate sobre o que vai acontecer se a taxa básica nos EUA atingir um pico de 6%. Até o final de fevereiro, investidores de renda fixa, ações e nos mercados de câmbio ainda previam o fim de juros mais altos com apostas em um amplo rali no segundo semestre.

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No entanto, o depoimento na terça-feira (7) do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reforça expectativas de um aumento maior dos juros neste mês. Traders agora precificam a chamada taxa terminal em 5,6% comparada à previsão de pico em 5% no fim do ano passado.

Com um mercado de trabalho aquecido e inflação persistente, “achamos que há uma chance razoável de que o Fed tenha que levar a taxa dos fundos federais para 6%” e, depois, mantê-la nesse patamar por um período prolongado “para desacelerar a economia e reduzir a inflação para perto de 2%”, disse Rick Rieder, diretor de investimentos de renda fixa global da BlackRock, em nota na terça-feira (7).

As mensagens mais recentes do Federal Reserve preparam o cenário para o banco central retomar a dose de 0,5 ponto percentual e contrastam muito com a postura mais branda adotada por autoridades monetárias na Austrália e no Canadá. Também aumenta temores de um pouso forçado da economia dos EUA, já que o mercado de renda fixa telegrafa chances crescentes de uma recessão.

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Traders de swaps agora precificam um ponto percentual total em aumentos de juros nas próximas quatro reuniões do Fed.

“Uma taxa terminal de 6% não está fora de questão agora”, disse Kellie Wood, vice-chefe de renda fixa da Schroders, na Austrália.

Nos EUA, o spread entre os rendimentos de 2 e 10 anos mostra desconto superior a um ponto percentual pela primeira vez desde 1981, quando o então presidente do Fed, Paul Volcker, subia os juros para combater a inflação de dois dígitos. O indicador de inversão da curva de juros ao longo das décadas antecipou recessões na esteira de ciclos de aperto monetário do Fed.

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“Antes de Powell ontem à noite, estávamos mais inclinados a tentar vender dólar contra iene em torno do nível 137-138 — acho que provavelmente vamos adiar isso, com a taxa terminal do Fed possivelmente indo para 6%”, disse John Bromhead, estrategista de câmbio do Australia & New Zealand Banking Group.

Os mercados de crédito também se preparam para o impacto da reprecificação dos juros americanos.

“Não é nosso cenário-base, mas uma taxa dos ‘Fed Funds’ de 6% provavelmente resultaria em um dólar mais forte, um crescimento global mais fraco e, finalmente, uma queda nos ‘valuations’ de ativos de risco”, disse Mark Reade, chefe de pesquisa de renda fixa da Mizuho Securities Asia.

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“Embora a reabertura da China e uma relativa escassez de nova oferta devam amortecer o golpe nos spreads de títulos em dólar chineses, é improvável que esses spreads saiam ilesos.”

Mercados emergentes

A retórica do Fed pode piorar as perspectivas para ativos de mercados emergentes, depois que a modesta meta de crescimento econômico anunciada pelo governo de Pequim no início desta semana frustrou as esperanças de uma retomada do rali da reabertura, que havia impulsionado os mercados globais anteriormente. O won sul-coreano, uma referência para a percepção de risco na Ásia, chegou a cair 1,8% nesta quarta-feira.

“Mais alto por mais tempo tem se tornado o cenário-base e, se esse cenário se concretizar, os mercados emergentes podem sofrer”, disse Brendan McKenna, estrategista de mercados emergentes do Wells Fargo, em Nova York. “Os mercados realmente esperavam uma pausa antecipada e cortes do Fed este ano. Até agora, esse cenário não está se manifestando.”

-- Com a colaboração de Liz McCormick, Ishika Mookerjee, Georgina Mckay, Matthew Burgess e Wei Zhou.

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