Americanas: Câmara reúne assinaturas suficientes para instalação de CPI

Pedido para investigação reúne apoio de 175 deputados até esta quarta e pode levar à convocação de Lemann, Telles e Sicupira, além de executivos da empresa

Plenário da Câmara dos Deputados em Brasília: crise da Americanas está no alvo dos parlamentares
Por Daniel Carvalho - Mariana Durão
08 de Março, 2023 | 07:00 PM

Bloomberg — As perspectivas de um embate entre o Congresso e os acionistas bilionários por trás da Americanas (AMER3) estão crescendo, já que um número suficiente de parlamentares assinou uma petição para iniciar uma investigação sobre o colapso financeiro da varejista.

Um pedido para iniciar a investigação recebeu o apoio de 175 deputados federais da Câmara até quarta-feira (8), mais do que os 171 necessários, disse André Fufuca (PP-MA), o parlamentar que coleta assinaturas e que é aliado próximo do presidente da Câmara, Arthur Lira, em entrevista.

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Fufuca deve apresentar ainda nesta quarta um pedido formal para a criação de uma comissão de inquérito (CPI), que precisa ser confirmada por Lira antes de começar.

A Americanas pediu recuperação judicial em 19 de janeiro, cerca de uma semana depois de revelar um rombo de cerca de R$ 20 bilhões em seu balanço.

O trio bilionário que apoiou a varejista nas últimas quatro décadas - Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira - pode ser convidado ou mesmo convocado para comparecer à comissão, segundo o deputado Elmar Nascimento, líder do partido União Brasil na Câmara.

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Executivos que lideraram a companhia nos anos recentes em que o rombo foi supostamente originado também estão no alvo, como o ex-CEO Miguel Gutierrez, que ficou no cargo por 20 anos.

Nascimento disse que a proposta de abertura da investigação foi apresentada aos líderes partidários na terça-feira (7), durante reunião na residência oficial de Lira, e recebeu amplo apoio.

“Vamos ligar para todos e identificar os responsáveis”, disse Nascimento. “Vamos investigar, não é possível que pequenos investidores e fornecedores sofram prejuízos.”

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Se os bilionários forem chamados para comparecer pessoalmente perante o Congresso, eles serão legalmente obrigados a comparecer, mas poderão permanecer em silêncio, se assim o desejarem.

Quaisquer conclusões dos legisladores servem apenas como base para possíveis investigações adicionais por parte das autoridades competentes e muitas vezes rendem pouco resultado. No entanto, o ruído criado por meses de sessões televisionadas pode ser muito prejudicial para os envolvidos.

Também pode retardar os debates sobre várias reformas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no mês passado atribuiu o desfecho da empresa a uma “fraude”, tentará passar medidas pelo Congresso.

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Em seu pedido de abertura de inquérito, Fufuca disse que o episódio da Americanas afeta a credibilidade de todo o mercado de ações do Brasil.

“É do interesse público fazer com que os investidores confiem que a economia popular jamais será prejudicada por qualquer tipo de fraude, erro ou acobertamento em balanços, sem que o governo investigue e exponha tudo o que aconteceu nesses casos”, afirmou.

A Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, também está investigando as suspeitas de irregularidades na Americanas e o impacto sobre os investidores.

Sergio Rial, que foi CEO da varejista por apenas nove dias até pedir demissão em 11 de janeiro e revelar o rombo de R$ 20 bilhões, deveria depor nesta quarta-feira sobre o caso na sede da CVM no Rio de Janeiro, segundo informações de uma pessoa com conhecimento do assunto.

A Americanas não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Questionada sobre a confirmação da reunião, a CVM informou que não comenta casos específicos. Rial não respondeu a uma mensagem pedindo comentários.

Em reunião com credores, representantes da Americanas e dos principais acionistas bilionários apresentaram uma proposta de aumento de capital de R$ 10 bilhões, de acordo com um documento regulatório.

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