Ambev e Petrobras impulsionam dividendos em 2022; confira as maiores pagadoras

Levantamento da gestora Janus Henderson mostra que as empresas brasileiras tiveram pagamento recorde de US$ 33,8 bilhões de proventos em 2022

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Bloomberg Línea — Os fortes dividendos da Petrobras (PETR3; PETR4) e os maiores proventos da Ambev (ABEV3) contribuíram para impulsionar a distribuição global de lucros, com as empresas brasileiras somando um pagamento recorde de US$ 33,8 bilhões em 2022, aumento de 24% na base nominal ante os US$ 27,3 bilhões registrados em 2021. Os dados são do Índice Global de Dividendos da gestora Janus Henderson.

No ano passado, os dividendos globais cresceram 8,4% para um recorde de US$ 1,56 trilhão, segundo o levantamento. Impulsionado pela Petrobras, o Brasil respondeu por um terço do crescimento dos mercados emergentes.

Isso porque a petroleira pagou dividendos de US$ 21,7 bilhões em 2022 (acima dos US$ 9,1 bilhões em 2021). O montante representou o maior aumento de dividendos do mundo e deixou a estatal brasileira com o segundo lugar entre os maiores pagadores, atrás apenas da mineradora australiana BHP.

A companhia, assim como outras petroleiras, foi beneficiada pela alta dos preços do petróleo no período.

Destaque ainda para o aumento dos dividendos Ambev (ABEV3), que contribuiu para impulsionar a taxa de crescimento de 30,1% do Brasil. O montante total brasileiro foi freado, contudo, por um corte acentuado nos proventos da mineradora Vale (VALE3) diante dos preços mais baixos das commodities.

Ao todo, as 10 maiores pagadoras de dividendos somaram US$ 155,1 bilhões em 2022, um aumento de 4% em relação aos US$ 149,1 bilhões no ano anterior. Confira o ranking:

1. BHP Group Limited (BHP);

2. Petrobras (PETR3; PETR4);

3. Microsoft (MSFT);

4. Exxon Mobil (XOM);

5. Apple (AAPL);

6. China Construction Bank;

7. Rio Tinto (RIO);

8. China Mobile Limited;

9. JPMorgan Chase & Co. (JPM);

10. Johnson & Johnson (JNJ);

Dividendos globais

Em 2022, os dividendos globais cresceram 8,4% para um recorde de US$ 1,56 trilhão, segundo o levantamento. O crescimento foi tão forte que 12 países registraram pagamentos em dólares recordes, caso de Estados Unidos, Canadá, China, Índia, Taiwan e Brasil.

No período, o destaque ficou com as empresas de petróleo e gás que, devido à alta dos preços da energia, conseguiram aumentar os pagamentos em até dois terços, em uma “mistura de distribuições regulares e dividendos especiais pontuais”. O setor contribuiu com quase 25% do aumento dos dividendos globais em 2022.

“Apesar da inflação desenfreada, do aumento das taxas de juros, da guerra e da queda dos preços dos ativos em 2022, os dividendos globais continuaram a crescer destacando sua importância para os investidores de todo o mundo”, diz Jane Shoemake, gestora de renda variável global da Janus Henderson, em nota.

E completa: “Os dividendos globais recuperaram completamente após a pandemia, com pagamentos retornando à sua tendência histórica. Esta é uma conquista surpreendente, dada a dimensão das perturbações econômicas causadas pela covid-19.”

Destaque ainda para os mercados emergentes, que aumentaram os dividendos em cerca de um quinto durante 2022 para um recorde de US$151,4 bilhões.

Já na América Latina, o resultado foi ainda melhor porque o impacto positivo da moeda foi um notável afastamento da tendência global de um dólar forte, que enfraqueceu os resultados do crescimento nominal em outras regiões, destaca a gestora global.

Para 2023, a expectativa da Janus é de que o crescimento dos dividendos desacelere para 2,3%, levando o total global para US$ 1,6 trilhão.

Sediada em Londres, a Janus Henderson somava US$ 287 bilhões em ativos sob gestão até 31 de dezembro de 2022.

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