Bloomberg — O novo CEO da Adidas, Bjorn Gulden, considera vender os produtos da marca Yeezy e doar o lucro para a caridade, enquanto tenta compensar parte do enorme impacto financeiro após o fim da aliança com o rapper Ye, conhecido anteriormente como Kanye West.
O mais recente dos produtos da Yeezy, alguns dos quais só recentemente chegaram aos centros de distribuição da Adidas, tem um valor de US$ 1,3 bilhão, o que mostra o sucesso da parceria.
Em sua primeira entrevista coletiva para a imprensa desde que assumiu a marca alemã, Gulden descartou outras opções para os produtos, tais como queimá-los, entregá-los gratuitamente a países como a Turquia e a Síria, ou atribuir a outra marca.
“Há muitas pessoas com interesse de diferentes comunidades em todo o mundo”, disse. “Estou envolvido nisso há apenas sete semanas e não me sinto qualificado para tomar uma decisão com base nos fatos que tenho.”
Adidas cortou laços com Ye em outubro de 2022, depois que o rapper fez uma série de declarações de ódio e anti-semitas.
Resolver as consequências desse rompimento e dos estoques é o maior desafio de Gulden. Após encerrar a aliança, a Adidas decidiu continuar aceitando remessas da linha Yeezy de fornecedores que já estavam trabalhando neles. Todos os produtos Yeezy chegaram recentemente aos armazéns da Adidas, e o fato de os calçados estarem espalhados pelo mundo também complica a questão, disse Gulden.
Todo o estoque de tênis e roupas não vendidos da Adidas tinha um valor de cerca de 6 bilhões de euros no final de dezembro, um aumento de 49% em relação ao ano anterior.
Seria preciso pagar a Ye se o estoque fosse vendido, segundo o acordo de royalties, disse o CEO. A Adidas provavelmente não ganhará nada, embora possa recuperar alguns de seus custos, de cerca de 500 milhões de euros.
Outra opção seria a reciclagem de alguns produtos em outros materiais, tais como campos de futebol. Gulden rejeitou a possibilidade de a Adidas remover a etiqueta Yeezy e depois colocá-los à venda.
“Tentar esconder não é muito honesto”, disse ele. “Isso não é uma opção.”
O norueguês, que se tornou CEO em janeiro, disse que não pode estabelecer um prazo para uma decisão. Em seu relatório anual publicado na quarta-feira (8), a Adidas disse haver apenas de 15% a 30% de chance de que a empresa encontre uma maneira de vender os produtos Yeezy restantes.
A Adidas sabe que, independentemente da decisão que tomar, irá irritar alguns grupos, mas espera elaborar um plano que fará a maioria das pessoas felizes, disse o diretor financeiro Harm Ohlmeyer em uma entrevista.
Gulden disse que a empresa não está em conversas com ninguém para vender a mercadoria.
“O inventário está lá, não está fugindo”, disse ele. “Não decidiremos apenas para agradar a alguém. Devemos decidir quando as consequências dessa decisão forem as mais positivas que pudermos fazer.”
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