Aberturas de vagas nos EUA ficam acima do esperado e pressionam o Fed

Número de empregos disponíveis caiu para 10,8 milhões em janeiro, mas permanece em patamar elevado; EUA têm quase 2 vagas para cada trabalhador desempregado

A estimativa mediana em uma pesquisa da Bloomberg com economistas indicava 10,5 milhões de aberturas de vagas em janeiro
Por Augusta Saraiva
08 de Março, 2023 | 12:44 PM

Bloomberg — O número de aberturas de vagas de emprego nas empresas dos Estados Unidos recuou no início do ano, mas permanece historicamente elevado, destacando um desequilíbrio persistente entre demanda e oferta de mão de obra que sustenta o argumento por um aumento da taxa de juros do Federal Reserve.

O número de vagas disponíveis caiu para 10,8 milhões em janeiro, ante 11,2 milhões no mês anterior, de acordo com os dados revisados da Pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Trabalho do Departamento do Trabalho (JOLTS, na sigla em inglês), divulgados nesta na quarta-feira (8). A estimativa mediana em uma pesquisa da Bloomberg com economistas indicava 10,5 milhões de aberturas.

PUBLICIDADE

A divulgação do JOLTS incluiu a revisão anual da agência sobre os dados mensais desde janeiro de 2018. Quase todas as leituras de vagas de emprego no ano passado foram revisadas para cima, incluindo um novo recorde de 12 milhões em março de 2022.

Apesar da queda, o relatório destaca uma demanda robusta por trabalhadores que está muito acima da oferta, o que pressionou os salários e, portanto, a inflação.

O presidente do Fed, Jerome Powell, falou sobre o desequilíbrio no mercado de trabalho em depoimento perante o Senado na terça-feira (7), dizendo que o banco central poderia aumentar as taxas mais alto e potencialmente mais rápido do que se pensava anteriormente, caso os dados econômicos continuassem fortes. Ele fala novamente perante a Câmara nesta quarta-feira.

PUBLICIDADE

As autoridades monetário estarão particularmente atentas ao relatório de empregos na sexta-feira, que deve mostrar fortes contratações em fevereiro e a taxa de desemprego se mantendo na mínima de 53 anos. Outro relatório divulgado nesta quarta-feira (8) mostrou que as empresas americanas criaram mais empregos do que o esperado no mês passado, de acordo com a ADP.

As vagas de emprego diminuíram na construção, alojamento e serviços de alimentação, bem como finanças e seguros. Enquanto isso, as vagas aumentaram em transportes, armazéns e serviços públicos; e empregos na fabricação de bens não duráveis, como produtos químicos, vestuário e processamento de alimentos.

A proporção de vagas abertas em relação ao número de desempregados caiu para 1,9 em janeiro, ante 2 no mês anterior, o que correspondeu a um recorde. A proporção era cerca de 1,2 vaga aberta para cada desempregado antes da pandemia.

PUBLICIDADE

As autoridades do Fed acompanham essa proporção de perto e apontaram o elevado número de vagas de emprego como uma razão pela qual o banco central pode ser capaz de esfriar o mercado de trabalho - e, portanto, a inflação - sem um consequente aumento do desemprego.

Mesmo assim, muitos economistas esperam que a política do Fed leve a economia à recessão no próximo ano e que o desemprego aumente até certo ponto.

O relatório JOLTS mostrou que a chamada taxa de demissões, que mede oa saídas voluntárias como uma parcela do emprego total, caiu para 2,5%, a menor desde março de 2021. Isso equivale a cerca de 3,9 milhões de americanos.

PUBLICIDADE

As contratações aumentaram, enquanto o nível de demissões atingiu o nível mais alto desde dezembro de 2020. Elas ocorreram em serviços profissionais e comerciais, imóveis, construção, bem como transporte e armazenamento.

--Com colaboração de Chris Middleton e Reade Pickert.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

BlackRock e Schroders debatem impacto de juros a 6% nos EUA após tom duro do Fed

Ambev e Petrobras impulsionam dividendos em 2022; confira as maiores pagadoras