Bloomberg Línea — Os planos da nova gestão da Petrobras (PETR3, PETR4) de investir em energias renováveis começaram a tomar forma. A estatal anunciou ao mercado na noite de segunda-feira (6) que assinou uma carta de intenções para ampliar a parceria com a petrolífera norueguesa Equinor: o objetivo é avaliar a viabilidade técnico-econômica e ambiental de sete projetos de geração de energia eólica offshore na costa brasileira, com potencial para gerar até 14,5 GW até 2028 - o equivalente a uma usina de Itaipu.
“Esse acordo vai abrir caminhos para uma nova fronteira de energia limpa e renovável no Brasil, aproveitando o expressivo potencial eólico offshore do nosso país e impulsionando nossa trajetória em direção à transição energética”, disse o novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
O executivo, no entanto, recomendou cautela. “Vale destacar, porém, que a fase é de estudos e a alocação de investimentos depende de análises aprofundadas para avaliar sua viabilidade, além de avanços regulatórios que permitirão os processos de autorização para as atividades.”
Não foi divulgada estimativa de investimento, mas Prates e o governo Lula têm defendido a alocação de capital da estatal em fontes renováveis e na diversificação dos negócios em detrimento da concentração dos lucros recordes recentes na distribuição de dividendos aos acionistas.
O país tinha no segundo semestre do ano passado capacidade instalada para 22 GW, por meio de mais de 820 parques eólicos em operação no país, privados e públicos, dos quais cerca de 90% na região Nordeste. É a segunda principal fonte de energia no país, atrás apenas da hidrelétrica.
O acordo amplia a parceria firmada entre Petrobras e Equinor em setembro de 2018, na gestão de Ivan Monteiro como CEO, no fim do governo de Michel Temer. Originalmente, abrangia dois parques eólicos, Aracatu I e II (na fronteira litorânea entre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo).
Além desses projetos, o novo acordo prevê a avaliação da viabilidade técnico-econômica e ambiental dos parques eólicos de Mangara (na costa do Piauí), Ibitucatu (costa do Ceará), Colibri (fronteira litorânea entre o Rio Grande do Norte e Ceará) e de Atobá e Ibituassu (ambos na costa do Rio Grande do Sul).
A Petrobras disse no comunicado que desenvolve outros projetos em energia eólica, citando os testes da Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore (conhecida como Bravo), em parceria com os SENAIs do Rio Grande do Norte (RN) e de Santa Catarina (SC).
A Equinor (ex-Statoil), por sua vez, tem sido uma das petrolíferas que mais investem em energias renováveis do mundo, comprometendo metade do seu capex (investimento) nessa frente. A empresa tem parques eólicos offshore em operação no Reino Unido e na Alemanha e desenvolve projetos nos Estados Unidos e em países do Sudeste Asiático, em alguns casos por meio de parcerias.
No Brasil, a empresa norueguesa tem atuação na exploração de petróleo e gás em parceria com a Petrobras e projetos de outras fontes de energias renováveis: Apodi (162 MW de capacidade instalada), no Ceará, foi a primeira usina solar do portfólio global da Equinor, operada pela Scatec. A planta iniciou a produção em 2018. Em 2022, foram iniciadas as obras do projeto solar Mendubim (531 MW), no Rio Grande do Norte, em parceria com a Scatec e a Hydro Rein e previsto para operar em 2024.
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