Morgan Stanley vê alta das ações no curto prazo mas não espera que rali dure muito

Para estrategista Michael Wilson, mercados devem cair ainda mais no médio prazo com a deterioração dos fundamentos, principalmente os lucros

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Bloomberg — Michael Wilson, do Morgan Stanley (MS), conhecido por ser um dos estrategistas mais bearish (favoráveis a juros mais baixos) de Wall Street, disse esperar que as ações subam no curto prazo.

Wilson apontou para a resiliência do S&P 500 na média móvel de 200 dias na semana passada, um indicador de análise técnica que se refere ao preço médio de fechamento nos últimos 200 dias de negociação. Ele é considerado por muitos um barômetro da força da tendência de longo prazo.

A alta sugere que agora ele pode atuar como um suporte para o benchmark. Wilson disse que o índice provavelmente subirá se os rendimentos do Tesouro dos Estados Unidos e o dólar continuarem caindo.

“Os mercados de ações sobreviveram a um teste crucial de suporte na semana passada, que sugere que esse rali do mercado de baixa ainda não está pronto para terminar”, escreveu o estrategista em nota na segunda-feira (6).

O índice quebrou uma sequência de três semanas de perdas na sexta-feira (3), com os investidores apostando que o Federal Reserve (Fed) não aumentará as taxas de juros além dos níveis de pico já precificados.

Wilson – que previu corretamente o sell-off das ações no ano passado e a recuperação em outubro – vê o próximo ponto de resistência para o índice em 4.150 pontos, cerca de 2,5% acima do fechamento de sexta-feira.

O estrategista não espera que o rali dure muito. Ele disse que os mercados devem cair ainda mais no médio prazo, já que os fundamentos continuam a se deteriorar, principalmente no que diz respeito aos lucros.

Apesar do rali, “acreditamos que isso não refuta a relação entre risco e retorno muito baixa oferecida atualmente por muitas ações, dados os valuations e as previsões de ganhos que permanecem muito altas, em nossa opinião”, disse Wilson, esperando que as margens decepcionem o consenso atual “em grande tamanho.”

Wilson observou que a diferença entre os lucros reportados e o fluxo de caixa é a maior em 25 anos, impulsionada pelo excesso de estoque e custos capitalizados que ainda não foram refletidos.

Apesar dos comentários agressivos de autoridades do Federal Reserve e dos dados contínuos de inflação e empregos, o S&P 500 subiu 5,4% este ano, enquanto o benchmark de tecnologia Nasdaq 100 subiu mais de 12%. Wilson alertou recentemente que espera uma deterioração dos fundamentos.

Essa cautela é repetida no JPMorgan Chase (JPM), onde estrategistas liderados por Mislav Matejka recomendam que os investidores usem os ganhos recentes como uma oportunidade para reduzir a exposição.

Matejka também é particularmente pessimista em relação às ações dos Estados Unidos, apontando que as valorizações e os ganhos relativos estão próximos de máximas históricas, embora possam “continuar diminuindo parte da forte alta que apresentou nos últimos 10 anos”, de acordo com uma nota na segunda.

Mas outros têm uma visão oposta. No Wells Fargo, o estrategista Christopher Harvey está convencido de que a recuperação do mercado de ações ainda tem espaço. “Não negocie como se estivéssemos em um mercado em baixa, porque não estamos”, escreveu ele em nota na segunda-feira (6).

-- Com a colaboração de James Cone e Sagarika Jaisinghani

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