Dólar Malbec: Argentina lança cotação para tentar estimular exportação do setor

Ministro da Economia do país anunciou a cotação que será lançada em 1º de abril e permanecerá em vigor pelo menos até o fim deste ano

Garrafas de Malbec do Grupo Colomé, a vinícola em atividade mais antiga da Argentina (Eilon Paz/Bloomberg)
07 de Março, 2023 | 02:21 PM

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Bloomberg Línea — Em nova tentativa de evitar uma forte desvalorização da moeda antes do final do ano e das eleições presidenciais de outubro, o governo argentino está determinado a atender algumas solicitações de setores produtivos. O objetivo é melhorar sua competitividade a fim de aumentar as exportações e, ao mesmo tempo, permitir que o banco central do país recupere suas reservas.

Para tanto, o ministro da Economia Sergio Massa anunciou no sábado (4) a implementação de um mecanismo de fortalecimento das exportações para as economias regionais do país, a começar pela indústria de vinhos.

Isso implicará em uma nova taxa de câmbio diferencial para as exportações de vinho, o chamado “dólar Malbec”, em referência à variedade de uva que é a mais utilizada na bebida argentina.

O “dólar Malbec” entrará em vigor em 1º de abril e permanecerá em vigor pelo menos até o final do ano, segundo confirmado por fontes do governo à Bloomberg Línea.

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Essa é uma janela de tempo muito maior do que a do chamado “dólar soja”, embora o governo ainda não tenha anunciado o valor diferencial do “dólar Malbec”, que será definido em reuniões a serem realizadas durante este mês com representantes do setor.

O programa deve durar pelo menos nove meses, e a taxa de câmbio acordada provavelmente terá algum mecanismo de ajuste devido aos níveis de inflação esperados para o ano.

Videiras Otronia

Janela de tempo mais ampla

Diferentemente da soja, a maior parte das exportações realizadas pela Argentina não se concentra na commodity da videira em si, com a colheita ocorrendo entre fevereiro e abril.

Segundo Salvador Vitelli, economista e especialista em agronegócios do Romano Group, como o vinho é exportado como um produto acabado, algo que melhora de acordo com o tipo de vinho e as condições de armazenamento, faz sentido que o programa seja estendido por um período maior de tempo.

De acordo com suas estimativas, durante 2022 as exportações de vinho totalizaram US$ 1 bilhão, mas continuam diminuindo em relação aos números recordes vistos há uma década.

No início de janeiro, o Instituto Nacional de Viticultura da Argentina (INV) havia previsto que as exportações de vinho cairiam 8% em 2022, para US$ 825,5 milhões, mas a queda foi de fato de 6,6%, a US$ 768,6 milhões.

A Argentina exportou 265,7 milhões de litros de vinho em 2022, uma queda de 21% em comparação com os volumes do ano anterior. Desse total, 198,2 milhões de litros (74,6%) correspondiam a vinhos engarrafados, uma queda de 10%, enquanto os 25,4% restantes (67,5 milhões de litros) correspondiam ao vinho a granel – uma queda de 41,8%.

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Tomás Carrió

Tomás Carrió, jornalista especializado em economia e finanças. Trabalhou para os jornais El Cronista e La Nación e é colunista de economia da Radio Milenium. Licenciado em Comunicação Social (Universidad Austral) e Mestre em Jornalismo (Universidade Torcuato Di Tella).