Alpargatas cobra R$ 266 mi de Carlos Wizard na Justiça por compra da Topper

Dívida se refere à compra em 2018 da operação da Alpargatas Argentina, dona da marca de artigos esportivos; é a segunda cobrança contra o empresário desde outubro

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Bloomberg Línea — A Alpargatas (ALPA4) informou ao mercado que ajuizou uma ação de cobrança contra o empresário Carlos Wizard Martins. A ação cobra dele R$ 266 milhões pelo não pagamento da primeira parcela da compra da Alpargatas Argentina, anunciada em 2018.

A informação foi divulgada pela empresa nesta terça-feira (7) por meio de fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No comunicado, a Alpargatas afirma que a primeira parcela do negócio, de R$ 89,7 milhões, venceu na segunda-feira (6). Por isso, foi declarado o vencimento antecipado das demais parcelas, conforme está previsto no contrato.

Após a publicação do fato relevante, a assessoria do empresário Carlos Wizard Martins divulgou comunicado em que o empresário se diz alvo de uma “tentativa de intimidação” por parte de Alpargatas por ele ter aberto um processo arbitral contra a empresa em agosto de 2022 (veja mais abaixo).

A venda da Alpargatas Argentina, que concentra a marca Topper, começou em setembro de 2018, quando a empresa vendeu 22,5% da marca a Wizard por R$ 100 milhões, dos quais R$ 40 milhões seriam pagos à vista. Em dezembro de 2019, o empresário exerceu seu direito de compra previsto no contrato para abocanhar a fatia restante do capital da companhia na Argentina.

A Alpargatas diz no fato relevante desta terça que nem a primeira parcela chegou a ser paga.

Não é a primeira vez que o empresário é cobrado na Justiça. Em outubro de 2022, a XP ajuizou uma ação para cobrar dele uma dívida de R$ 8,2 milhões referentes a um empréstimo com o Banco XP.

O empréstimo total era de R$ 30 milhões, mas o não pagamento de uma parcela acarretaria no vencimento antecipado das parcelas remanescentes.

Na ocasião, a Sforza Holding, grupo de investimentos de Carlos Wizard, disse em nota enviada à Bloomberg Línea que estava com dificuldades de administrar suas dívidas porque seus negócios haviam sido “severamente afetados pela pandemia de Covid”.

Carlos Wizard Martins foi fundador da franquia de escolas de idiomas Wizard, vendida ao grupo britânico Pearson em 2013 por valor equivalente a R$ 2 bilhões à época.

O empresário também é dono da rede de produtos naturais Mundo Verde e controla as operações do restaurante fast-food Taco Bell, de comida mexicana, no Brasil, por meio de sua holding, o grupo Sforza. O patrimônio do empresário é estimado em R$ 3,4 bilhões, segundo a revista Forbes.

Wizard se diz alvo de retaliação

Em comunicado divulgado na tarde desta terça-feira, Wizard disse que a ação de cobrança de que está sendo alvo é “uma tentativa de intimidação”. Isso porque, em agosto de 2022, ele deu início a um processo de arbitragem contra a empresa na Câmara de Comércio Brasil-Canadá para discutir o valor do negócio.

Segundo o empresário, a ação de cobrança é “uma tática para forçar o recebimento antecipado de valores que seriam pagos até 2025″.

No comunicado, Wizard diz “discordar do valor estimado do saldo remanescente da aquisição” por causa de “inconsistências no reembolso de indenizações; divergências sobre a dívida liquida da companhia; demandas de terceiro de responsabilidade da Alpargatas; e atos governamentais ocorridos na Argentina”.

Wizard diz ainda que procurou a Alpargatas para negociar “ao longo de 2022″, mas a empresa não demonstrou interesse. “Além de estranhamente não dar publicidade à arbitragem proposta em 24/08/2022, a Alpargatas hoje comunicou ao mercado uma ação judicial que desconheço e que me causa enorme estranhamento, já que não se trata do foro eleito pelas partes em contrato”, segue o comunicado.

-- Reportagem atualizada às 16h44 para incluir a manifestação de Carlos Wizard Martins sobre o assunto.

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