Credit Suisse perde um de seus maiores acionistas depois de 20 anos

Harris Associates, de David Herro, chegou a ter 10% do capital do banco suíço, mas vinha criticando a administração na condução da crise da instituição

Credit Suisse
Por Ambereen Choudhury e Marion Halftermeyer
06 de Março, 2023 | 10:07 AM

Bloomberg — O stock picker da Harris Associates, David Herro, vendeu toda a participação da empresa no Credit Suisse Group (CS), encerrando os laços com o banco após cerca de duas décadas como acionista relevante e aumentando a pressão sobre a liderança do problemático banco suíço.

O investimento foi encerrado nos últimos três a quatro meses, disse Herro, diretor de investimentos para ações internacionais da Harris Associates, em um e-mail. O Financial Times noticiou primeiro a liquidação.

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A Harris Associates foi o maior acionista do Credit Suisse por muitos anos, mas reduziu a participação de 10% no final de 2022 para 5%. As ações caíram para uma cotação mínima recorde na semana passada, após os resultados trimestrais mostrarem uma perda maior do que o esperado em meio a saídas recordes.

As ações do banco caíam cerca de 2%, para 2,72 francos suíços, na Bolsa de Zurique nesta segunda (6). No ano, a queda é da ordem de 6%.

As ações do Credit Suisse perderam cerca de 95% de seu valor desde o verão de 2007, após anos de escândalos e perdas. O banco perdeu uma recuperação de seus pares europeus que começou no final do ano passado, quando o aperto monetário aumentou as perspectivas de rentabilidade dos empréstimos.

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“O aumento das taxas de juros significa que muitas instituições financeiras europeias estão indo na direção oposta”, disse Herro em entrevista ao Financial Times. “Por que optar por algo que está queimando capital quando o resto do setor agora está gerando?”

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O Credit Suisse tem intensificado os esforços para reconquistar clientes e conter um êxodo de funcionários seniores que afetou seu negócio de patrimônio, o que ele vê como a chave para seu renascimento. Os clientes sacaram o valor sem precedentes de 110,5 bilhões de francos suíços no quarto trimestre.

“Estamos à frente de nosso plano e temos objetivos estratégicos claros”, disse Dominik von Arx, porta-voz do Credit Suisse, em comunicado por e-mail. “Estamos focados a laser na execução bem-sucedida de nosso plano e no progresso em direção a nossas metas.”

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Herro também criticou o plano do Credit Suisse de desmembrar seu banco de investimentos sob a liderança de Michael Klein. A proposta era “pesada” e gastaria mais dinheiro do que Herro esperava, informou o FT.

Herro disse em agosto passado que o CS precisava desesperadamente arrumar o seu banco de investimentos ou considerar opções como venda, cisão ou fusão. Posteriormente, o Credit Suisse anunciou uma divisão planejada para a unidade de valores mobiliários e negociação e potencial listagem pública até 2024, mas acrescentou que o banco não será lucrativo até então.

A Harris Associates possuía ações do Credit Suisse desde os primeiros anos deste século e dobrou sua aposta após a crise financeira de 2008. Enquanto Herro defendia o banco quando seus problemas começaram, ele se tornou mais crítico em relação ao conselho enquanto o banco lutava para consertar sua divisão de investiment banking e superar perdas e escândalos.

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O Saudi National Bank é agora o maior acionista do Credit Suisse, de acordo com o site do banco com sede em Zurique e dados compilados pela Bloomberg News. A Qatar Investment Authority também aumentou a participação depois que o Credit Suisse emitiu novas ações como parte de um aumento de capital de 4 bilhões de francos suíços no final do ano passado.

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