Bloomberg — A turbulência no mercado de crédito brasileiro fez com que diversas empresas suspendessem vendas de títulos de dívida local, com bancos e investidores mais cautelosos após a implosão da varejista Americanas (AMER3).
A Coelba (CEEB5), unidade da Neoenergia (NEOE3), suspendeu sua emissão de debêntures depois que os bancos líderes acionaram a chamada cláusula “market flex”, que permite mudanças nas condições da transação; e o Grupo SBF (SBFG3) e a Sabesp (SBSP3) colocaram planos iniciais para possíveis emissões em compasso de espera, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que pediram para não serem identificadas porque as discussões não são públicas.
A rede brasileira de pet shops Petz (PETZ3) disse no mês passado que adiou a venda de títulos da dívida enquanto aguarda melhores condições de mercado. Neoenergia, Grupo SBF (dono da Centauro) e Sabesp não responderam imediatamente a pedido de comentário.
Em nota, a Neoenergia disse que “a companhia sempre avalia as oportunidades de mercado e entendeu que seria melhor adiar a emissão e que avalia outras alternativas de financiamento.”
O colapso da Americanas em janeiro alimentou preocupações sobre uma potencial crise de crédito na maior economia da América Latina, levando a um aumento nos prêmios de risco e menor apetite por parte do investidor doméstico.
Os títulos de dívida corporativa brasileira lideraram as perdas entre pares latino-americanos em fevereiro depois que a turbulência piorou ainda mais as perspectivas para as empresas que já tinham que enfrentar altas taxas de juros.
As empresas brasileiras emitiram cerca de R$ 18,45 bilhões em dívida corporativa local neste ano, uma queda de 38% em relação ao mesmo período em 2022, segundo dados compilados pela Bloomberg News.
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- Matéria atualizada às 14h05 de 7 de março, com o posicionamento oficial da Neoenergia.
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