Petróleo reverte ganhos com traders pesando bancos centrais mais agressivos

Commodity cai no acumulado do ano diante de uma perspectiva de política monetária mais rígida nos Estados Unidos e aumento dos estoques

Refinarias de petróleo
Por Yongchang Chin - Salma El Wardany
01 de Março, 2023 | 09:12 AM

Bloomberg — O petróleo reverteu os ganhos iniciais no pregão desta quarta-feira (1) depois que os dados acima do que o esperado para a inflação levaram os traders a antecipar que os banqueiros centrais provavelmente permanecerão agressivos nos próximos meses.

O West Texas Intermediate (WTI) caiu abaixo de US$ 76,50 o barril, tendo atingido anteriormente US$ 77,74 depois que a China e a Índia divulgaram fortes dados de fabricação e vendas de petróleo.

O petróleo cai no acumulado do ano, já que a perspectiva de uma política monetária mais rígida dos Estados Unidos e o aumento dos estoques superaram até agora o otimismo de que a demanda chinesa se fortalecerá após o fim dos bloqueios impostos pelo coronavírus.

Os fluxos russos também estão em foco, à medida que as sanções e proibições ocidentais ligadas à guerra na Ucrânia se intensificam.

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Apesar de Moscou ter conseguido manter as exportações ao encontrar novos compradores, há sinais de atrito em mercados como a Índia, um importante comprador do petróleo russo.

Além disso, embora a demanda chinesa por petróleo deva se recuperar junto com a economia, há a preocupação de que as altas taxas nos EUA deixem o dólar ainda mais valorizado, o que pesaria nos preços do petróleo, disse Edward Bell, diretor sênior de economia de mercado do Emirates NBD Bank PJSC.

Confira os preços do petróleo nesta quarta-feira (1):

  • O tipo WTI para abaril caía 0,99%, a US$ 76,29 o barril por volta das 9h10 (horário de Brasília);
  • O petróleo tipo Brent, por sua vez, recuava 0,71%, a US$ 82,85 o barril;

A Rússia disse que planeja cortar o fornecimento em 500.000 barris por dia a partir deste mês, apresentando essa decisão como uma retaliação contra as sanções.

A União Europeia, no entanto, disse que Moscou foi forçada a cortar, enquanto o RBC Capital Markets disse que a decisão pode refletir a dificuldade em manter a produção de campos desafiadores.

“A grande questão para os mercados de petróleo nos próximos meses será até que ponto as exportações de petróleo e produtos refinados da Rússia serão prejudicadas”, disse Vivek Dhar, diretor de pesquisa de commodities de mineração e energia do Commonwealth Bank of Australia.

“Os mercados geralmente superestimam a extensão das interrupções no fornecimento de petróleo russo desde o início da guerra na Ucrânia.”

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Nos EUA, os estoques comerciais aumentaram significativamente nos últimos meses, sinalizando ampla oferta de petróleo na maior economia do mundo.

Na terça-feira (28), o Instituto Americano de Petróleo (API, na sigla em inglês) informou que os estoques dos EUA aumentaram 6,2 milhões de barris na semana passada, segundo pessoas familiarizadas com os números.

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