Bloomberg — Não demorou muito para que a Petrobras (PETR3, PETR4), gigante estatal do petróleo do Brasil, fosse criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que luta para evitar uma grande desaceleração na maior economia da América Latina.
As ações recuam 2,85% (ON) e 2,10% (PN) nesta quarta-feira (1º) por volta das 15h.
Nesta semana, a Petróleo Brasileiro SA, como a empresa é formalmente conhecida, foi atingida com um imposto de quatro meses sobre as exportações de petróleo. Suas vendas de ativos foram suspensas por 90 dias e ela foi pressionada a restringir os preços dos combustíveis. O governo também tem planos de reduzir o valor dos dividendos que paga, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto.
Tudo indica que Lula está transformando a Petrobras de uma máquina de lucros em um veículo para o desenvolvimento nacional, uma perspectiva que causou uma liquidação dos ativos nesta semana.
Lula há muito tempo defende um papel mais forte do Estado na indústria do petróleo e, desde sua campanha presidencial, pede à empresa que invista mais em negócios de menor margem, como refino e energias renováveis, e também criticou suas políticas de preços.
Mesmo assim, o governo negou veementemente que esteja intervindo nas decisões internas da Petrobras e disse que os preços dos combustíveis estavam acima dos níveis internacionais antes de a empresa ajustá-los para baixo.
As grandes petrolíferas de todo o mundo estão cheias de dinheiro depois que os preços do petróleo dispararam no ano passado, colocando-as sob escrutínio por lucros inesperados em um momento em que os consumidores sofrem com a inflação.
A Chevron (CVH) foi criticada pela Casa Branca depois de anunciar uma recompra de ações de US$ 75 bilhões. Na Europa, a TotalEnergies e a Shell (SHEL) estão entre as produtoras atingidas por impostos inesperados.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT e aliada de Lula, resumiu a posição governista em um tuíte em que pediu o fim da “distribuição indecente de dividendos” e preços mais “justos” dos combustíveis.
Os acontecimentos recentes confirmam os temores dos investidores desde o ciclo eleitoral de que a empresa se torne menos lucrativa sob o governo Lula.
O imposto de exportação pode minar a confiança no Brasil como destino de investimentos em petróleo e até prejudicar as perspectivas de crescimento da produção, disse o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, um grupo da indústria conhecido como IBP, em comunicado.
Se o imposto de exportação expirar conforme planejado em quatro meses, custará à Petrobras cerca de R$ 2,2 bilhões (US$ 420 milhões), disse o JPMorgan Chase (JPM) em nota aos clientes, acrescentando que há preocupações de que o imposto permaneça em vigor.
“Os investidores também perguntarão se esses impostos serão realmente temporários”, disse o JPMorgan. “Isso reduziria para sempre 9,2% das receitas de exportação da indústria, o que se torna substancialmente mais material.”
A Petrobras está programada para divulgar os resultados do quarto trimestre após o fechamento do pregão desta quarta-feira (1º). O pagamento total de dividendos até o terceiro trimestre de 2022 está em torno de R$ 180 bilhões, bem acima do recorde do ano anterior de R$ 101,4 bilhões.
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