iFood demite 6% da equipe para reduzir custos e cita cenário econômico adverso

Os cortes do iFood ocorrem após a empresa fazer um investimento significativo de marketing no carnaval e também depois de fechar um acordo com o Cade

Empresa foi avaliada em US$ 5,4 bilhões depois de a Prosus adquirir o controle majoritário no ano passado
01 de Março, 2023 | 03:21 PM

Bloomberg Línea — O iFood cortou 355 funcionários, o equivalente a 6,3% de sua equipe, nesta quarta-feira (1º). Por meio de nota à imprensa, a empresa de delivery, que no ano passado foi avaliada a US$ 5,4 bilhões depois de a Prosus adquirir o controle majoritário da empresa, disse que o cenário econômico mundial exigiu “novas rotas para enfrentar essas adversidades”.

A empresa é a mais recente do setor de tecnologia que anuncia redução de custos em meio ao enfraquecimento da economia global, ao aumento dos juros para conter a inflação e à desaceleração da demanda depois de um pico na pandemia. No início da semana, a consultoria Thoughtworks cortou 200 pessoas de sua equipe no Brasil.

Até agora, gigantes da tecnologia, incluindo o Google (GOOGL), Amazon (AMZN) e Microsoft (MSFT) anunciaram cortes, além dos bancos Goldman Sachs (GS) e Morgan Stanley (MS).

Os cortes do iFood ocorrem na esteira de um investimento significativo da empresa em marketing no carnaval - em que patrocinou mais de 30 blocos de rua - e em um momento de adaptação às regras de competição no mercado de entregas.

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No ano passado, o iFood já tinha feito ajustes com funcionários terceirizados, além de reduzir o ritmo de contratação de novos trabalhadores. A empresa também demitiu sua equipe na Colômbia e finalizou as operações no país em 2022, onde operava em parceria com a Delivery Hero desde a aquisição da Domicilios.com em abril de 2020.

No começo de fevereiro, a empresa assinou um acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para encerrar investigação sobre supostas práticas anticoncorrenciais envolvendo acordos de exclusividades com restaurantes.

No acordo, o iFood se comprometeu a não assinar mais acordos de exclusividade com redes com mais de 30 unidades, além de respeitar restrições para contratos com redes menores e a não vincular descontos ou incentivos para reter a maior parte do volume de vendas dessas restaurantes.

Em novembro de 2022, a Prosus divulgou seu relatório para os seis meses encerrados em 30 de setembro de 2022 e disse que o iFood está entregando um crescimento lucrativo no Brasil em seu negócio principal de entrega de restaurantes e “melhorando significativamente as margens”.

No período, a receita do iFood cresceu 43%, para R$ 3,4 bilhões (US$ 663 milhões), impulsionado principalmente por um aumento de compradores únicos mensais, tamanhos de pedidos maiores no principal negócio de entrega de alimentos e o crescimento do negócio de entrega rápida de varejo.

“Este é um crescimento saudável, e mais notável pelo fato de que não temos mais a aceleração do setor por causa da pandemia de covid-19″, disse o CEO da Prosus, Bob Van Dijk, em conferência com os acionistas em novembro de 2022.

Os prejuízos do iFood ficaram em US$ 70 milhões, uma queda de US$ 38 milhões, porque o negócio principal de restaurante se tornou “significativamente mais lucrativo”, segundo a Prosus.

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No negócio principal de entrega de restaurantes, o iFood entregou um lucro comercial de US$ 45 milhões, com uma margem comercial de 7%, uma melhoria de 8% ano contra ano.

Os lucros foram impactados pelo “investimento contínuo em oportunidades de crescimento adjacente”, segundo a Prosus. Iniciativas como quick commerce (entregas rápidas e de supermercado) e fintech, como crédito em pagamentos, foram responsáveis por essa perda.

Dentro de entregas rápidas e de supermercado, o iFood opera um modelo híbrido, por meio de parcerias com varejistas de supermercado existentes, além de investir em dark stores. Pedidos nessas novas iniciativas cresceram 152%, e as vendas, 102% no período, segundo a Prosus.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups