Setor aéreo decepciona na inclusão de mulheres em comandos e conselhos

Entre as 123 companhias aéreas, apenas a Transat e a Air New Zealand alcançaram divisão igual de diretores homens e mulheres, segundo dados coletados pela Bloomberg

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Bloomberg — As companhias aéreas praticamente não avançaram na inclusão de mulheres em diretorias e cargos executivos nos últimos quatro anos, e o setor arrisca ficar aquém de uma meta importante para a representação feminina até 2025.

Entre 123 operadoras de capital aberto rastreadas pela Bloomberg, as mulheres ocupam apenas 13% dos cargos executivos, menos do que os 16% em serviços financeiros, por exemplo, onde a representação no nível do conselho é de 21%. Apenas a JetBlue tem uma divisão igualitária de gênero entre seus executivos. Vinte e duas empresas não têm nenhuma executiva do sexo feminino.

Anos de campanhas em prol das mulheres no setor e metas de atrair mais gerentes e diretoras do sexo feminino parecem ter tido pouco efeito. A marginalização das mulheres no topo continua, mesmo quando muitas companhias aéreas tentam redefinir e reforçar a força de trabalho que encolheu durante a pandemia.

“A indústria quase ignorou as contribuições que as mulheres poderiam trazer”, disse Caroline Marete, professora assistente na escola de tecnologia de aviação e transporte da Purdue University, em Indiana. “Ter representação em posições-chave de tomada de decisão nos níveis nacional e internacional é fundamental. As mulheres precisam de representação onde isso conta.”

As empresas não estão cegas para a desigualdade de gênero — elas falam sobre fazer mais há anos. Mas, embora um punhado delas, com Cathay Pacific Airways, Air New Zealand e JetBlue tenham feito avanços, elas são exceções.

Entre as 123 companhias aéreas, apenas a canadense Transat e a Air New Zealand alcançaram uma divisão igual de diretores homens e mulheres, de acordo com dados de emprego por gênero coletados pela Bloomberg. Onze delas têm conselhos exclusivamente masculinos.

O viés de gênero paira sobre a aviação global. Pilotos, controladores de tráfego aéreo e engenheiros aeronáuticos são em sua maioria homens, a tripulação de cabine é predominantemente feminina e os executivos e diretores são majoritariamente homens.

Marete, da Purdue University, disse que as meninas devem ter contato com a aviação e o setor aeroespacial desde cedo para normalizar os setores como carreiras para todos os gêneros.

Em 2019, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) lançou a campanha 25 até 2025, onde as companhias aéreas se comprometeram a aumentar o número de mulheres em cargos de chefia e áreas sub-representadas em 25%, ou para um mínimo de 25% até 2025.

Três anos depois, em dezembro, a IATA disse que 147 companhias aéreas — metade de seus membros — haviam aderido à iniciativa voluntária. A IATA não forneceu dados mais recentes nem respondeu se metas da campanha 25 até 2025 serão atingidas.

A Índia tem a maior percentagem de pilotas do sexo feminino globalmente, de acordo com a International Society of Women Airline Pilots. Ela representam cerca de 12,4% do total do país, em comparação com 5,5% nos EUA.

A IATA disse no ano passado que quase 9% de seus membros tinham CEOs mulheres. As aéreas com líderes femininas incluem Austrian Airlines, a Pegasus Airlines da Turquia, a RwandAir e as unidades Air France e KLM da Air France-KLM.

A aviação pode ter que ser pressionada mais para melhorar a diversidade de gênero, disse Marete.

“Os passos que precisam ser tomados não são complicados”, disse ela. “Talvez seja hora de responsabilizarmos o setor pela implementação dessas soluções”.

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