Bloomberg Línea — A Petrobras (PETR3, PETR4) anunciou nesta terça-feira (28) a redução do preços da gasolina e do diesel a partir de amanhã (1 de março) para as distribuidoras. A medida ocorre um dia depois de o governo concordar em retomar a tributação sobre combustíveis, apesar de pressão política contrária.
As ações da Petrobras caíram 3,48% (PN) e 4,39% (ON) no fechamento desta terça depois do anúncio de corte de preços para as distribuidoras, com investidores se desfazendo dos papeis.
Segundo a Petrobras, a partir desta quarta, o preço médio de venda de gasolina A para as distribuidoras passará de R$ 3,31 para R$ 3,18 por litro, uma redução de R$ 0,13 por litro, ou 3,9%.
Dada a mistura obrigatória de etanol para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, de R$ 2,32 a cada litro vendido na bomba, disse a companhia.
Para o diesel A, o preço médio de venda para as distribuidoras passará de R$ 4,10 para R$ 4,02 por litro, uma redução de R$ 0,08 por litro, ou 1,95%.
Diante das misturas obrigatórias nesse caso, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, de R$ 3,62 a cada litro vendido na bomba, destacou a empresa.
“Essas reduções têm como principal balizador a busca pelo equilíbrio dos preços da Petrobras aos mercados nacional e internacional, através de uma convergência gradual, contemplando as principais alternativas de suprimento dos nossos clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos”, afirmou a estatal em comunicado ao mercado.
A estatal acrescentou que, na formação de preços de derivados no mercado interno, “busca evitar o repasse da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio, ao passo que preserva um ambiente competitivo salutar nos termos da legislação vigente”.
A Petrobras divulga no fim da tarde desta quarta, depois do fechamento do mercado, os resultados do quarto trimestre de 2022. A teleconferência com analistas será na quinta (2).
Reoneração
O anúncio expõe que o governo possivelmente fez uso político da Petrobras para compensar o retorno dos tributos federais sobre os combustíveis, em tentativa de evitar o repasse aos preços aos consumidores, o que seria uma medida considerada impopular.
O Ministério da Fazenda tem como meta arrecadar cerca de R$ 28 bilhões neste ano com a reoneração sobre a gasolina e o etanol.
Para tanto, o plano deve incluir a participação da Petrobras, que deve amortecer a retomada da cobrança dos tributos. Até o momento, porém, não há uma definição sobre qual tipo de contribuição definitiva será fornecida pela companhia.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ontem que a Petrobras agirá respeitando o Preço de Paridade Internacional (PPI).
Ainda na manhã desta terça-feira, a estatal informou em comunicado que “ajustes de preços de produtos são realizados no curso normal de seus negócios e seguem as suas políticas comerciais vigentes” e que a companhia “reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”.
As discussões sobre o papel da estatal neste novo ambiente de tributação dos combustíveis reforçaram a percepção no mercado de que haverá potencialmente algum tipo de interferência na política de preços da Petrobras.
A expectativa é que o Ministério da Fazenda anuncie na noite de hoje a política de reoneração dos combustíveis.
- Matéria atualizada às 19h30 com o fechamento das ações da Petrobras.
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