Para CEO da BP, combustíveis fosséis são necessários para transição energética

Bernard Looney foi alvo de críticas após defender necessidade de manter investimentos em petróleo e gás até que a demanda por esses combustíveis diminua

Bernard Looney fez seu discurso hoje no âmbito da Semana Internacional de Energia que acontece em Londres
Por William Mathis
28 de Fevereiro, 2023 | 11:10 AM

Bloomberg — Enquanto o som de manifestantes do meio ambiente reverberava pela sala de conferência, o CEO da BP (BP), Bernard Looney, defendia que o investimento em petróleo e gás é crucial para promover a transição energética.

“Reduzir a oferta sem também reduzir a demanda leva inevitavelmente a picos de preços, picos de preços levam à volatilidade econômica e há o risco de que a volatilidade prejudique o apoio popular à transição”, disse ele na Semana Internacional de Energia de Londres. “Evitamos esse resultado investindo no sistema energético de hoje, assim como investimos na transição.”

O discurso do executivo no evento – uma das maiores conferências sobre combustíveis fósseis da cidade – segue o recente anúncio da empresa de que cortaria a produção de petróleo e gás nesta década mais lentamente do que o esperado.

Essa mudança é parte de um realinhamento da BP que visa impulsionar retornos a empresas existentes que contribuem para a mudança climática, enquanto constrói novos negócios que reduzem as emissões.

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A estratégia da empresa se deve em parte à necessidade atual de preencher a lacuna no fornecimento de energia do mundo como consequência da guerra da Rússia na Ucrânia.

Pela primeira vez no ano passado, o investimento em energia limpa foi equivalente ao financiamento para combustíveis fósseis, de acordo com a BloombergNEF.

Ainda assim, o mundo está muito atrás de uma trajetória de cortes de emissões que permita alcançar as metas estabelecidas no acordo climático de Paris de 2015 e evitar os piores impactos do aquecimento global. Para isso, o uso de petróleo e gás precisará diminuir.

Os participantes da conferência foram recebidos pelos manifestantes contra a indústria de combustíveis fósseis, que criticaram a abordagem de Looney. “A crise climática é uma praga, Bernard Looney à Haia”, faziam coro, referindo-se ao Tribunal Penal Internacional, enquanto estavam sentados bloqueando a porta de entrada da conferência no início desta terça-feira (28).

E, no interior da conferência, as críticas à abordagem da BP continuaram desde o palco. Simon Morrish, CEO da empresa britânica de energia renovável Xlinks, disse que os planos da BP de continuar investindo em combustíveis fósseis mostram que a companhia não está se movendo com rapidez suficiente para enfrentar a mudança climática. “Isso carece de uma enorme ambição”, disse Morrish.

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