Onda de M&A com múltiplos baixos vai demorar, diz head de private equity da Bain

‘Pessoas ficarão bem desapontadas’ se têm essa expectativa, afirma Hugh MacArthur, citando que empresas do setor ainda estão com capital para aquisições

Empresas de private equity ainda tinham um recorde de US$ 3,7 trilhões para gastar no final de 2022
Por Will Louch
27 de Fevereiro, 2023 | 01:15 PM

Bloomberg — Executivos do setor de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) à espera de que as difíceis condições de negociação levem a preços de ativos mais baratos terão que esperar um pouco mais, de acordo com o presidente para private equity da Bain & Co., Hugh MacArthur.

“Se as pessoas esperam que os múltiplos caiam muito, ficarão bem desapontadas”, disse MacArthur em entrevista para comentar o relatório anual de private equity da empresa de consultoria. “Ainda há muito dry power por aí”, disse em referência ao capital disponível para aquisições.

O boom da indústria de private equity finalmente esfriou no ano passado, quando os mercados de financiamento congelaram, os juros subiram e preocupações com a economia em geral cresceram.

Mas, globalmente, empresas de capital privado ainda tinham um recorde de US$ 3,7 trilhões sem gastar no final de 2022, mais do que o triplo do valor nos últimos anos de expansão do setor, antes da crise financeira global.

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Hugh MacArthur, chairman de Global Private Equity na Bain & Company: visão para a indústria em 2023

A pilha crescente de dinheiro, juntamente com o financiamento barato dos anos anteriores, elevou os preços à medida que empresas de aquisição competiam pelos melhores ativos.

Apesar das difíceis condições do mercado, firmas de private equity ainda estão sob pressão para investir esse capital, o que garantirá que a concorrência por acordos permaneça acirrada e que os preços sejam altos, segundo MacArthur.

Somando-se à pressão sobre executivos do segmento, há outros dois fatores: o custo crescente da dívida que firmas de private equity usam para fechar seus negócios e desafios econômicos, o que dificulta aumentar os retornos de uma empresa do portfólio.

Mudanças na estrutura de capital

Além disso, algumas companhias têm elevado o capital investido nos acordos, com o objetivo de buscar refinanciamento quando a dívida ficar mais barata em uma data posterior.

“Estamos vendo mais transações financiadas com 70% de capital e 30% de dívida, em vez da estrutura típica de 50% a 50%”, de acordo com o relatório anual da Bain.

“Tornou-se muito comum para acordos de pequeno e médio porte”, disse MacArthur. “As empresas estão dizendo: ‘Olha, se eu tiver um bom acordo, eu fecho e arrumo a estrutura de capital depois’.”

Embora os preços dos ativos não caiam muito no curto prazo, também não continuarão subindo no ritmo atual. Isso significa que as empresas terão que gerar retornos por conta própria, mesmo com a desaceleração da economia e com as pressões inflacionárias dos custos.

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Isso aumentará o escrutínio dos gestores para provar que podem gerar lucros ao expandir as companhias do portfólio e sem depender de dívidas baratas e de uma economia em crescimento. As empresas que não conseguirem fazer isso podem não levantar dinheiro novamente, afirmou MacArthur.

“Os retornos no setor estão em queda há 25 anos”, disse MacArthur. “Se você estiver no quartil inferior e houver empresas que fecharam negócios errados na hora errada, será difícil levantar capital novamente”, acrescentou.

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