Bloomberg — Na próxima semana, que encerra fevereiro e começa março, o mercado monitora a eventual decisão do governo sobre o fim da isenção dos combustíveis, além do término do mandato de Bruno Serra, diretor de Política Monetária no Banco Central. É esperado ainda o resultado de exame sobre vaca louca, revelado na semana que se encerra.
Entre os indicadores, saem o primeiro resultado primário de janeiro, o primeiro mês no governo Lula, e o último PIB anual sob Jair Bolsonaro, além do ISM (índice de atividade na indústria) nos EUA. Os balanços de Petrobras, Ambev e frigoríficos também estão no radar. Veja 5 destaques:
1. Isenção de impostos
Termina no final de fevereiro a vigência da isenção de impostos federais sobre a gasolina e o etanol. A possibilidade de a isenção não ser renovada é bem vista pelo mercado e tem sido defendida pela equipe econômica, como forma de melhorar a arrecadação federal com combustíveis e reduzir a incerteza fiscal. A ala política do governo, contudo, resiste à reoneração por receio de aumento da pressão inflacionária, dizem os jornais.
2. Fim de mandatos no BC
Os mandatos dos diretores do Banco Central Bruno Serra, de política monetária, e Paulo Souza, de fiscalização, terminam na terça-feira (28).
Atenção especial deve ser dada à substituição na diretoria de política monetária, cujo papel é realçado diante da pressão do governo por juros menores - apesar dos sinais recentes de trégua.
Serra já disse em eventos que poderia permanecer no cargo até a definição de um substituto. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o ministro Fernando Haddad, almoçaram juntos em meio a reuniões com autoridades dos países do G20, na Índia, de acordo com a CNN Brasil.
3. PIB do Brasil em 2022 e dados fiscais
O IBGE divulga na quinta-feira o resultado do PIB de 2022, o último ano de Jair Bolsonaro na presidência. A estimativa mediana aponta expansão de 2,9% em quatro trimestres acumulados, mas contração de 0,2% na comparação trimestral.
Para este ano, o mercado prevê, segundo a pesquisa Focus mais recente, a desaceleração do crescimento para 0,8%, diante dos juros altos e do aperto do crédito.
A semana começará com o resultado de janeiro do governo central, o primeiro sob o governo de Lula. A estimativa mediana é de superávit de R$ 79,6 bilhões, pouco acima dos R$ 76,8 bilhões de um ano atrás.
A arrecadação de janeiro, divulgada na semana que acaba, superou expectativas. Após o IPCA-15 acima do previsto, mas com pressão concentrada mais em educação, o mercado monitora, também na segunda, o IGP-M de fevereiro e as expectativas de inflação da Focus, que têm subido nas semanas anteriores. Ainda sairão dados de crédito e balança comercial. Há o fechamento da Ptax na terça.
4. Dados nos EUA e Fed
A forte pressão causada nos mercados pelo deflator PCE acima do esperado na sexta-feira (24) deve elevar a expectativa com os novos dados da economia americana, embora a agenda pareça mais fraca. Entre os indicadores previstos estão ISM e pedidos de bens duráveis.
Os dirigentes do Fed que falam nos próximos dias incluem Chris Waller e Raphael Bostic. Nos últimos pronunciamentos, tem predominado o tom mais hawkish (rigoroso) diante dos números fortes de inflação e atividade. A China divulgará PMIs entre terça (28 de fevereiro) e sexta (2 de março).
5. Resultados de Petrobras, frigoríficos e Ambev
A Petrobras (PETR3, PETR4) é o destaque da temporada de balanços trimestrais na próxima semana, com o resultado previsto para quarta-feira, dia 1º de março.
Os resultados de BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) também podem chamar a atenção dos investidores diante da proximidade da gripe aviária, já registrada na América do Sul, e do caso de vaca louca descoberto no Pará, que interrompeu as exportações de carne para a China. O vice-presidente Geraldo Alckmin disse que o exame sobre vaca louca é aguardado para quarta-feira, que deve confirmar se o caso é atípico - com efeitos menos graves - ou não.
O resultado da Ambev (ABEV3) também é destaque em meio à crise das Americanas (AMER3).
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©2023 Bloomberg L.P.
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